Um antigo sonho de Zé Celso, a construção do Parque do Bixiga no enorme terreno onde fica o Teatro Oficina no centro de São Paulo, começa a sair do papel. Nesta quarta-feira (22), o Grupo Silvio Santos, proprietário do imóvel, anunciou que chegou a um acordo com a Prefeitura para que a venda do local seja viabilizada.
Silvio Santos antes queria R$ 80 milhões pelo terreno de 11 mil metros quadrados. Mas após uma análise da Procuradoria-Geral do Município, chegou-se à cifra de R$ 64 milhões.
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“O Grupo Silvio Santos e seus acionistas, ainda que não tenham alcançado o valor inicialmente pretendido devido aos critérios técnicos que precisariam ser observados, acreditam ser a decisão correta, pois permitirá à população que nele reside ter mais uma opção de lazer”, disse uma nota oficial do grupo assinada por seu presidente, José Roberto Maciel.
O icônico dramaturgo José Celso Martinez Corrêa morreu aos 86 anos em julho do ano passado, após um incêndio no seu apartamento, e dirigiu o Teatro Oficina até seu último suspiro. Ao longo das últimas décadas, protagonizou uma série de apelos ao poder público e ao próprio Silvio Santos sobre a importância de se criar um parque ali. Mas jamais chegou próximo a isso em vida.
No começo do século XXI, foi aprovado um projeto que pretendia construir um shopping no terreno. Depois, foi o próprio Silvio Santos quem quis construir um condomínio de três prédios. Foram muitas disputas judiciais e de opinião pública até que a proposta do Parque do Bixiga fosse enviada à Câmara de Vereadores pelo Executivo municipal e pudesse começar a andar.
Silvio Santos chegou a ser tão intransigente em relação à ideia que, em reunião com Zé Celso em outubro de 2017, cujas imagens só vazaram para a imprensa em julho do ano passado, ameaçou armar um conluio com a prefeitura de João Dória para levar a cracolândia ao local a fim de enterrar quaisquer possibilidades da construção de um parque. Eduardo Suplicy e o então prefeito estavam presentes.
Zé Celso argumentava que Silvio poderia lhe doar o terreno e que isto não lhe faria falta às finanças. Paralelamente, ele seria lembrado como um benfeitor da cidade, que proporcionou a existência de um importante equipamento cultural. Mas Silvio Santos não queria nem saber.
“Meu secretário deu uma boa ideia, a gente coloca lá a ‘drogalândia’, como é que é, a cracolândia, e o drogado que mais se destacar no dia ganha um prêmio”, afirmou.