Depois de se notabilizar por perseguir o padre Júlio Lancellotti, partir para cima de uma deputada do PSOL durante a votação da privatização da Sabesp, fazer coro a fake news de Pablo Marçal sobre o colapso do RS e tentar proibir a doação de comida para a população de rua de São Paulo, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) ataca novamente.
Dessa vez, ele quer que o futuro Parque do Bixiga homenageie o magnata Senor Abravanel, conhecido como Silvio Santos, morto no último sábado (17). A proposta tem a coautoria do vereador João Jorge (MDB). Mas apesar da comoção em torno da morte do dono do SBT, é de conhecimento público a sua mesquinhez ao longo da vida em relação ao parque, um projeto defendido pelo dramaturgo Zé Celso – que tinha o Teatro Oficina encravado no mesmo terreno em disputa com Silvio Santos.
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Zé Celso, um dos maiores nomes das artes cênicas brasileiras, jamais veria seu sonho de transformar a área em parque se tornar realidade. Só depois de morto, em 2023, é que a ideia prosperaria. Silvio Santos, ao contrário, sempre foi contra a construção do parque e queria, na realidade, construir um condomínio empresarial no terreno, que era de sua propriedade.
A disputa pelo espaço durou mais de 40 anos e escalou em 2017, quando, em reunião com o então prefeito João Doria (PSDB), Silvio Santos insinuou a possibilidade de o poder público ‘mover a cracolândia’ para os arredores do Teatro Oficina.
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Dois dias após a morte do magnata, o Ministério Público de São Paulo realizou uma audiência nesta segunda-feira (19) para tratar do assunto. Estiveram presentes representantes do poder público municipal, estudiosos e representações da sociedade civil, especialmente dos moradores da região.
Um dos pontos do projeto, que consiste em destampar um rio que passa no local, foi considerado de difícil viabilidade pelos especialistas. Além disso, os moradores da região reivindicam maior participação nas obras da Linha 19 Celeste do Metrô, que passam pelo futuro parque, e demonstraram preocupação com o possível processo de gentrificação da região, com a valorização dos imóveis e a consequente expulsão por via econômica das famílias menos abastadas.
Mas a principal discussão é sobre o nome do parque. Se Rubinho Nunes quer homenagear Silvio Santos, Xexéu Trípoli (União Brasil), que é do seu partido, sugere que o parque homenageie Zé Celso. E, aparentemente, a segunda opção é a mais aceita entre todos os envolvidos.
Inclusive na Câmara Municipal de São Paulo, onde Rubinho Nunes não tem votos suficientes para homenagear o dono de emissora e, dessa forma, pretende postergar o debate. Provavelmente será mais uma bravata do vereador, para atiçar seu público radicalizado. Ele é fundador do MBL e aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB).