“Kopenawa, sonhar a terra floresta” é nome do documentário que contará com depoimentos do cantor Gilberto Gil e do líder indígena e ambientalista Ailton Krenak. Dirigido por Marco Altberg e Tainá De Luca, o filme terá como tema a vida de Davi Kopenawa.
Segundo Anna Luiza Santiago, do blog Play, do O Globo, o enredo será inspirado no livro "A queda do céu", co-escrito pelo xamã Yanomami e pelo antropólogo francês Bruce Albert. O filme apresentado no Festival de Cannes deste ano.
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Publicado originalmente em francês em 2010, o livro aborda a atividade predatória do homem branco e a ameaça constante ao povo Yanomami desde os anos 1960. A obra é um manifesto de Kopenawa contra a destruição da Floresta Amazônica.
A Queda do Céu
Essencialmente, a obra é o resultado de um acordo de tradução entre mundos, indivíduos, idiomas e histórias, onde as diferenças não são polarizadas nem anuladas, mas sim afirmadas e multiplicadas. Nas suas 768 páginas, o livro desvenda a profunda tragédia da floresta, dos Yanomami e de todos os povos indígenas, bem como da história do Brasil. Publicado em 2015 e reeditado várias vezes, o livro se torna cada vez mais um documento antropológico e espiritual de extrema relevância para entender os erros do mundo ocidental e o colapso da civilização que estamos presenciando.
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Em uma corrida incessante, vivendo uns sobre os outros em casas amontoadas sobre uma terra estéril nas cidades, os brancos - que podem ter uma vasta gama de cores - transformam rios em lamaçais venenosos, escavam a terra para arrancar sua alma e constroem máquinas gigantescas para destruir florestas. Eles são os seres malévolos que perderam os vínculos com suas origens biológicas e devastam tudo em seu caminho, incluindo a vida e o futuro. Kopenawa reflete sobre essas relações históricas entre os povos originários do Brasil e aqueles que construíram um país escravocrata, racista e destruidor do meio ambiente.
O texto é resultado de traduções de entrevistas realizadas em idioma Yanomami ao longo de quase três décadas. Em 2015, a antropóloga e professora da USP, Beatriz Perrone-Moisés, realizou uma bela tradução para o português. A edição brasileira é enriquecida com um esclarecedor prefácio do renomado intelectual brasileiro e também antropólogo, Eduardo Viveiros de Castro.