CRISE NA CULTURA ARGENTINA

Milei demite centenas da Biblioteca Nacional Argentina: “É um massacre”, alerta comunicado

Em menos de 48 horas, mais de mil assinaturas de artistas e intelectuais foram reunidas contra a medida

'Motosserra' de Milei.Créditos: Twitter/Javier Milei
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Em um comunicado alarmante, a Biblioteca Nacional da Argentina denunciou a grave situação que vem enfrentando: "não sobraram trabalhadores", informa. A apenas cem dias do início do governo de Javier Milei, o comunicado aponta para o cenário preocupante: "O conjunto da classe trabalhadora está sofrendo um brutal ajuste que implica uma esmagadora transferência de renda em benefício das minorias empresariais".

A cultura argentina está em choque com a demissão de 120 funcionários da Biblioteca Nacional Mariano Moreno (BNMM). Os empregados foram notificados por e-mail de que seus contratos não seriam renovados a partir de 1º de abril. Antes da demissão, a instituição empregava mais de 900 pessoas e possui três locais, uma Escola Nacional de Bibliotecários e centros especializados em várias áreas temáticas.

“É um massacre; o ambiente está péssimo”, descreveu um funcionário anônimo da instituição ao site Página 12. Segundo o jornal La Nácion, a notícia da demissão do renomado professor e pesquisador Roberto Casazza, por exemplo, deixou seus colegas da Universidade de Buenos Aires atônitos. Casazza é um respeitado acadêmico na área de História da Filosofia e do Renascimento, e também um ex-aluno da Universidade Nacional de Rosário, onde obteve seu doutorado em Humanidades com especialização em Filosofia. Ele iniciou sua carreira na BNMM aos 28 anos.

A demissão de Casazza gerou uma resposta imediata da comunidade acadêmica e cultural que levou, em menos de dois dias, uma petição exigindo sua reintegração, acumulando aproximadamente mil assinaturas de figuras proeminentes tanto no cenário nacional quanto internacional.

Leia a petição completa:

"Nós, colegas do Dr. Roberto Casazza, estamos chocados com sua demissão da Biblioteca Nacional Mariano Moreno sem qualquer motivo, após 27 anos de um trabalho profissional que, de outros espaços próximos, consideramos sólido, lúcido, de altíssima qualidade e de grande valor para nosso país", diz a carta. "Nós vimos o Dr. Casazza, uma pessoa formada em universidades argentinas, britânicas e alemãs, e atualmente uma das principais referências latino-americanas em bibliografias dos séculos XV ao XVIII, trabalhar na Biblioteca Nacional sobre manuscritos medievais, bibliografia colonial, livros antigos e raros, origens da cultura impressa, publicações astronômicas e científicas da primeira Modernidade, Antiga Livraria Jesuíta, sistema de classificação da Biblioteca Pública de Buenos Aires, etc., além de desenvolver trabalhos sobre coleções fundacionais da instituição."