O romance O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório e distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) para escolas públicas, se tornou alvo de uma polêmica nos últimos dias após ser alvo de censura. Uma diretora de escola e um vereador de Porto Alegre solicitaram a retirada do livro do programa de leitura apenas por conter temas como racismo e sexualidade.
Com aumento de 400% nas vendas na Amazon, a obra também esgotou nas livrarias de Porto Alegre nesta terça-feira (5). Vale lembrar que o livro premiado com o Jabuti em 2021 e alvo de bolsonaristas nas redes sociais, havia sido adicionado ao programa do próprio governo de Jair Bolsonaro (PL).
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A diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira, Janaina Venzon, tenta justificar e diz que é “lamentável o Governo Federal, através do MEC, adquirir esta obra literária e enviar para as escolas". Momentos depois, ela apagou o post publicado na web.
O Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) que visa garantir o acesso a obras didáticas e literárias de qualidade para alunos de escolas públicas de todo o país. Através do programa, o MEC compra e distribui livros selecionados por especialistas, com o objetivo de contribuir para a formação dos estudantes. A obra literária em questão foi selecionada para o PNLD e passou por um processo de avaliação por especialistas da área educacional.
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Tenório argumenta que as tentativas de censura estão alinhadas a um projeto político que visa limitar o acesso à informação e à cultura. “É um livro sobre a paternidade, sobre pais e filhos, a difícil relação entre pais e filhos. Há também uma crítica à precariedade do ensino no Brasil. É um livro que vai tratar da sala de aula, do dia a dia dos professores, dos alunos. Por fim, também vai tratar do racismo estrutural e, consequentemente, da violência policial”, declara o autor em uma entrevista recente.
A história de 'O Avesso da Pele'
O livro é um romance envolvente que se desenrola em Porto Alegre na década de 80. A trama acompanha Pedro, filho de um professor de literatura que é brutalmente assassinado em uma abordagem policial. A morte do pai impulsiona Pedro em uma jornada de busca por suas origens. Ele mergulha em uma investigação sobre a história de sua família, explorando o passado e buscando compreender melhor a vida.
O escritor também se pronunciou nas suas redes sociais e destacou que a visão sobre a obra está sendo distorcida. "As fake news são estratégias de uma extrema direita que promove a desinformação. O mais curioso é que as palavras de 'baixo calão' e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras", escreve.