EGITO

Teria uma das mais famosas tumbas faraônicas pertencido a uma mulher?

Uma máscara de ouro incrustada de joias encontrada no jazigo levanta a suspeita dos arqueólogos

Escultura de Tuntacâmon.Créditos: free source
Escrito en CULTURA el

A tumba de Tutancâmon, também chamada KV62, é uma das descobertas arqueológicas mais impressionantes do Egito Antigo. Foi encontrada praticamente intacta em 1922 por Howard Carter, arqueólogo de origem britânica, no Vale dos Reis — uma necrópole às margens do Nilo, próxima à Tebas do Egito antigo. 

Essa região foi o local de sepultamento de diversos faraós e nobres do Novo Império do Egito, período que compreende de 1550-1070 a.C.

Cercado por colinas de calcário, o Monte Al-Qurn, no Vale, lembra uma pirâmide em formato geológico. 

Acreditava-se que a pequena tumba encontrada ali, no Vale dos Reis, deveria ter sido construída para abrigar o faraó Tutancâmon às pressas, dada sua morte prematura, aos 18 ou 19 anos. 

O sarcófago foi encontrado com três caixões, um deles de ouro maciço, e mais de cinco mil artefatos, de móveis a joias, carruagens e itens ritualísticos. Além deles, uma máscara mortuária de ouro, incrustada com pedras preciosas.

Mas uma equipe de pesquisadores ingleses da Universidade de York investigou, recentemente, os detalhes da máscara encontrada no sarcófago, e chegou a uma suspeita interessante: teria aquela tumba sido construída para abrigar, na verdade, uma pessoa do sexo feminino? 

A teoria de Aidan Dodson, professor de Egiptologia da Universidade de Bristol, é que a tumba pode ter pertencido a uma das irmãs de Tutancâmon, filho do faraó Aquenáton. Sua madrasta, Nefertiti, governava, junto a Aquenáton, uma cidade no Egito Central, em que cultuavam o deus sol Aton, de acordo com artigo do The Conversation. 

Tutancâmon, que se tornou faraó com apenas nove anos de idade, faleceu jovem, ainda na adolescência. Seu túmulo é pequeno para os faraós, o que reforçaria a tese de que foi feito para uma mulher. De acordo com Dodson, Neferneferuré, uma das filhas de Aquenáton e irmã do faraó prematuramente falecido, nunca recebeu um enterro real, e seus pertences podem ter sido "reaproveitados" para o sepultamento do irmão, que deveria ter estado incompleto à época de sua morte.

A teoria do professor Dodson é que ele teria recebido "um jazigo já existente", pertencente a um nobre ou a um membro menor da realeza.

Essa tese é melhor avaliada ao se considerar a máscara mortuária presente no sarcófago, que conteria traços femininos: feita por duas partes, o rosto original da máscara foi removido, mas ficaram ali suas orelhas, que apresentam, para alguns pesquisadores, os tais detalhes destacadamente femininos.

O local de sepultamento de Nefertiti, a madrasta do faraó, também não foi descoberto ainda. Em 2015, uma múmia que poderia corresponder à antiga rainha faraônica foi encontrada atrás de uma parede do sarcófago de Tutancâmon, mas investigações posteriores negaram essa possibilidade, feitas a partir de tecnologia de sensoriamento remoto.

Algumas outras teses descartam a possibilidade, além disso, de a máscara encontrada na tumba ser, de fato, feminina, porque os "detalhes" destacados por essa sugestão são relativamente comuns e poderiam ter pertencido a qualquer dos gêneros.

De maneira geral, o mistério da tumba continua, e não há um consenso entre os arqueólogos quanto a quem ela possa ter pertencido.

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