Nesta segunda-feira (27), um soldado egípcio foi morto em um confronto com tropas israelenses perto da passagem de fronteira de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
Desde o fim de semana, Israel tem atacado duramente o sul da Faixa de Gaza e feito pressão na fronteira egípcia, o que incomodou profundamente as autoridades do Cairo.
As circunstâncias do tiroteio transfronteiriço não foram imediatamente claras e não se sabe qual lado abriu fogo primeiro. Não houve vítimas entre as forças israelenses.
As Forças de Defesa de Israel descreveram o incidente como "um tiroteio" na fronteira, dizendo "Houve um tiroteio na fronteira egípcia; o [incidente] está sob investigação, [e] o diálogo está ocorrendo com o lado egípcio."
O porta-voz dos militares egípcios disse que estava conduzindo uma investigação “sobre o tiroteio na área fronteiriça de Rafah, que levou ao martírio de um dos membros do pessoal [de segurança]”.
O Egito já havia alertado Israel contra a operação em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, antes da ofensiva, afirmando que não permitira tal ataque.
Apesar da troca de tiros, é impossível afirmar que exista um risco de conflito entre Egito e Israel. O regime político egípcio não atenta contra os israelenses desde 1978 e, inclusive, media as negociações de paz entre Hamas e israelenses junto das autoridades cataris.
Relações Egito-Israel
Egito e Israel entraram em conflito direto em quatro grandes ocasiões: na guerra de Independência de Israel (1948), na crise de Suez (1957), na guerra dos Seis Dias (1967) e na guerra do Yom Kippur (1973).
Depois dos Acordos de Camp David, assinados em 1978 entre o Egito e Israel, que resultaram na assinatura do Tratado de Paz Egito-Israel em 1979, estes países não entram em conflito.
Estes acordos, mediados pelos Estados Unidos, estabeleceram uma estrutura para a paz e a normalização das relações entre os dois países, com o Egito cessando a defesa da criação de um estado palestino.
Desde então, as relações entre Egito e Israel têm sido caracterizadas por uma paz fria, marcada pela cooperação estratégica em segurança e interesses econômicos, mas com uma interação limitada entre as sociedades civis, em especial por parte dos egípcios, que consideram a postura dos militares - que governam o país desde sua fundação como república - como conivente com o sionismo.
O Egito tem permitido o uso do espaço aéreo e outros tipos de assistência logística para Israel, especialmente em questões relacionadas ao combate à Irmandade Muçulmana e o Hamas.
Existe um acordo de livre comércio e iniciativas como as zonas industriais qualificadas que permitem a exportação de produtos conjuntos para os Estados Unidos sem tarifas, mas o comércio bilateral permanece modesto.
Politicamente, o Egito tem desempenhado um papel de mediador em conflitos envolvendo Israel e outros atores na região, como o Hamas na Faixa de Gaza. O governo egípcio tem buscado manter a estabilidade e evitar escaladas de violência que possam desestabilizar a região.
Porém, vale lembrar que o regime político do Egito tem como maior inimigo a Irmandade Muçulmana e, consequentemente, o Hamas, o que tem tornado as relações entre Gaza e Cairo muito mais difíceis.
Como ambos são submissos à política externa dos EUA para o Oriente Médio, é difícil que um cnflito se abra neste momento tão tenso na região.