No Carnaval de rua de Belo Horizonte, em Minas Gerais, estão previstas marchinhas com críticas ao atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). A marchinha "Zemané", por exemplo, tem em sua letra a dívida bilionária do estado com a União, a atuação da Polícia Militar e as gafes do chefe do governo estadual nos últimos anos.
Em uma das canções, é dito que Zema deve “largar a mão de ser cara de pau”. “Zemané cê é sempre Zemané / Larga a mão de ser cara de pau / Da minha Serra, cê tira o pé / E não venha surfar no meu Carnaval”. Blocos de Carnaval em BH também formalizaram um pedido ao Ministério Público e à Defensoria Pública na semana passada, solicitando a instauração de um procedimento para investigar possíveis irregularidades no direcionamento da Lei de Incentivo à Cultura e no uso de recursos de estatais para o patrocínio da festa por Zema, que pode estar em desacordo com a legislação vigente.
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No dia 14, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) dispersou foliões durante desfile do bloco Truck do Desejo, usando spray de pimenta, para conter, segundo a corporação, uma “briga entre eles”. A ação da polícia foi elogiada pelo vice-governador Mateus Simões (Novo), que classificou a intervenção como "adequada", durante entrevista coletiva concedida por ele e o governador bolsonarista.
Outra marchinha, composta por Daniela Fischer tem o título "Marchinha Contra Zema", cujo refrão é "Zema, Zema, Zema, sua fala lhe condena". Ao longo da letra, a carnavalesca faz referência a eventos ocorridos no ano anterior, como "repete Mussolini e condena a liberdade", mencionando gafes cometidas nas redes sociais.
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A primeira parte menciona o momento em que o governador compartilhou em seus stories do Instagram uma frase atribuída ao ditador fascista italiano. A segunda parte aborda uma publicação do perfil oficial de sua gestão que referiu-se à Inconfidência Mineira como um “golpe”.
Prevê-se que outras marchinhas sejam lançadas antes do Carnaval. Antes da celebração oficial, está agendado um ensaio geral para o bloco "Fora Zema" para o dia 8 de fevereiro. No convite, é mencionado que foram preparados centenas de milhares de adesivos em protesto para garantir que ele seja "calorosamente recebido em cada bloco de rua onde decidir calçar seu sapatênis”.
Ouça a marchinha do bloco "Fora Zema":
O que diz governo Zema
"O Governo de Minas busca, por meio de diferentes ações, fortalecer o carnaval de Minas Gerais como um grande atrativo de turistas para o Estado, gerando emprego e renda para os mineiros e potencializando essa festa popular tão significativa para diferentes cidades do país. Por isso, em 2024, aumentou os investimentos e realiza campanhas, para que a festa fique melhor, diversificada e atrativa. Uma das ações que ocorre novamente diz respeito a política de descentralização da folia.
Por meio do programa Minas Recebe, o Governo de Minas também está realizando um trabalho de qualificação de profissionais para receber turistas e potencializar os negócios de forma mais efetiva. Cento e quarenta projetos com temáticas carnavalescas de diversas regiões do estado foram aprovados na Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LeiC) com potencial de captação de R$ 39 milhões. Projetos carnavalescos de cidades como Itaúna, Paracatu, Tiros, Tiradentes, Contagem, Diamantina, Itapecerica, Divinópolis e Uberlândia, além de Belo Horizonte, foram viabilizados por meio de recursos da LeiC. Além disso, a nova sonorização do Carnaval de BH, que irá modernizar a folia na capital mineira em duas avenidas, também foi viabilizada via Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Pelos mecanismos de fomento da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e Fundo Estadual de Cultura em 2024, o Carnaval ganhará investimentos e incentivos de, pelo menos, R$ 13 milhões, valor que contempla mais de 30 projetos de todas as regiões de Minas Gerais.
Cabe informar que, em 2023, o carnaval em Minas Gerais foi apontado como um dos mais seguros do país, graças ao incansável trabalho das Forças de Segurança do Estado. A título de exemplificação, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que houve redução de 75,2% no número de roubos em Minas Gerais no comparativo com o Carnaval de 2020, último antes da pandemia de Covid-19. Foram 149 ocorrências no estado – naquele período o registro foi de 603. Os homicídios apresentaram redução de 47,8%, passando de 40 casos (2020) para 21 (2023). Alvo de diversas campanhas de conscientização, o crime de importunação sexual também diminuiu. Foram 38 ocorrências contra 51 registrados em 2020, uma redução de 25%.
Em uma democracia, é natural que haja manifestações de todos os tipos, e o Carnaval de Minas Gerais tem como princípio ser uma festa que escute e respeite a opinião de todos, mesmo quando não se trata de posicionamento predominante."