Estreou nesta sexta-feira (15), na Netflix, o filme “O Conde”. Na semana em que o Golpe Militar orquestrado no Chile por Augusto Pinochet completou 50 anos, o filme coloca a figura do ditador como protagonista, transformando-o em um vampiro que vive de sangue, o que chamou a atenção do público.
Em “O Conde”, o vampiro Pinochet tem 250 anos e vive em uma mansão em ruínas em meio ao frio extremo no sul chileno. Após tanto tempo vivendo do mal e de, literalmente, beber sangue, ele decide que quer morrer, porque está cansado de ser lembrado como um “ladrão”.
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Uma sátira de terror
Com uma trama tão absurda, o filme satiriza a figura de Pinochet, misturando elementos de horror e comédia. O vampiro solta frases como “Podem falar que um soldado é um assassino, mas não um ladrão!” e “É verdade que cometi erros… erros de contabilidade”.
Por meio dos diálogos absurdos, o filme aproveita para criticar o passado chileno. “O exército do Chile me ensinou que a tortura é um valor”, diz um dos personagens em certo momento, como visto no trailer.
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"A combinação de comédia e sátira [...] era provavelmente o único caminho. Se evitarmos a sátira, podemos rapidamente cair em um tipo de empatia que não é aceitável", explicou o diretor do longa, Pablo Larraín, durante o Festival de Veneza, no qual o filme foi exibido em agosto.
O chileno indicado ao Oscar é conhecido por suas cinebiografias com elementos ficcionais, como “Jackie”, sobre Jackie Kennedy, e “Spencer”, sobre a princesa Diana. Ao transformar Pinochet em um vampiro, o diretor queria ressaltar que ele “nunca enfrentou a justiça”.
"Ele viveu e morreu em liberdade e, na verdade, muito rico. Essa impunidade o tornou infernal", disse. De fato, Pinochet morreu aos 91 anos, em 2016, e sem ter sido condenado a nenhum dos crimes que cometeu durante a ditadura chilena.