A autorização da instalação de uma placa na embaixada do Brasil em Santiago, Chile, em homenagem aos militantes que foram torturados e mortos pela ditadura de Augusto Pinochet (1915-2006) teve aval do Itamaraty. A placa também incluirá uma mensagem em defesa da democracia, reconhecendo criticamente a participação de ditadores brasileiros nos crimes cometidos no país vizinho.
Uma delegação de exilados da ditadura militar brasileira vai partir para Santiago nos próximos dias com objetivo de recordar a história e homenagear os brasileiros que perderam suas vidas durante o golpe de 11 de setembro de 1973, que resultou na derrubada do presidente chileno Salvador Allende, conforme destacado pela coluna de Vera Rosa, do Estadão.
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O governo Lula concordou com a instalação de uma placa na embaixada brasileira no Chile informando que, em 1973, “muitos foram presos e torturados pelas forças golpistas, com a participação de agentes da repressão brasileira”. A inscrição será finalizada com a seguinte mensagem: “No Brasil e no Chile, Ditadura Nunca Mais”.
“Muitos foram presos e torturados pelas forças golpistas, com a participação de agentes da repressão brasileira [...] No Brasil e no Chile, Ditadura Nunca Mais”, será a mensagem da placa.
A delegação, batizada de “Viva Chile!” rumo ao país andino, contará com cerca de 100 ex-exilados, sendo um de seus organizadores o sociólogo Ricardo Azevedo, antigo militante da organização de esquerda Ação Popular e ex-membro do Partido dos Trabalhadores (PT).
Em suas palavras, a iniciativa se caracteriza mais como uma "ação entre amigos", sem patrocínios ou o apoio de partidos ou outras instituições. Recursos próprios vão bancar a comitiva.
“Não os esqueceremos”
De acordo com Azevedo, até os dias atuais não havia um memorial recordando o apoio do regime brasileiro à ditadura chilena. "É a primeira vez que o Estado brasileiro reconhece e pede perdão [pelo apoio ao golpe de Pinochet], pois até agora não tinha nada oficial. Era conhecido que o Brasil teve participação, que o [Câmara Canto] embaixador brasileiro à época era chamado de quinto membro da junta [militar], porque articulava, negociava. Isso corria, mas não havia nada da parte do Estado brasileiro reconhecendo", afirma ele.
A homenagem ainda vai trazer a frase "Não os esqueceremos", lembrando os nomes dos brasileiros presos e mortos na ditadura chilena: Luiz Carlos de Almeida, Wânio José de Matos, Túlio Quintiliano Cardoso, Jane Vanini, Nilton da Silva e Nelson de Souza Khol. Uma segunda placa com o mesmo teor será colocada na Plaza Brasil, também na capital chilena, no dia 12.