A cineasta Carolina Markowicz foi premiada no Festival de Cinema de Toronto (TIFF, na sigla em inglês), neste domingo (10). A diretora foi a primeira brasileira a receber o troféu Tribute Awards, concedido pelo festival para “homenagear os notáveis contribuidores da indústria cinematográfica e suas realizações”. Ela venceu na categoria Emerging Talent (talento emergente).
Esse é o ano de Markowicz. Seu novo filme, “Pedágio”, chegou entre os seis finalistas na disputa para representar o Brasil no Oscar de Melhor Filme Internacional. Além da diretora receber o prêmio, o filme também teve sua estreia no Festival, no último sábado (9). O TIFF ocorre até o próximo dia 17.
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Carolina foi descrita pelo CEO do TIFF, Cameron Bailey, como “uma das diretoras mais destemidas de sua geração” que tem “um futuro empolgante à sua frente”.
“Estive aqui com 5 filmes e me sinto honrada que o TIFF me encoraja a fazer filmes provocativos e arriscados. ‘Pedágio’ é um filme sobre uma mãe que se envolve com uma gangue de ladrões de relógio, então obrigada por apoiarem esse estranho senso de humor me trazendo para um Tributo patrocinado pela Bvlgari [marca de relógios de luxo]”, brincou Carolina em seu discurso de agradecimento.
A cineasta também aproveitou para explicitar a honra de receber o prêmio ao lado de outros dois diretores também homenageados: o espanhol Pedro Almodóvar e o estadunidense Spike Lee.
“É incrível estar entre alguns dos artistas que me inspiraram por toda a vida e que me fizeram querer fazer cinema. Não tenho palavras para expressar quão honrada me sinto essa noite. Muito obrigada!”, finalizou.
Após a premiação, a diretora posou com Almodóvar.
Quem é Carolina Markowicz
“Pedágio” é apenas o segundo longa-metragem da diretora de 40 anos. No ano passado, ela lançou “Carvão”, seu primeiro longa. Com a obra, que também teve sua estreia mundial no TIFF, Markowicz conquistou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na categoria Primeira Direção.
Antes dos dois longas, Carolina construiu uma carreira prestigiada como diretora e roteirista de curtas. Foram cinco, que acabaram selecionados para mais de 300 festivais de cinema ao redor do mundo, onde, juntos, conquistaram mais de 80 prêmios.
Em 2018, seu quarto curta-metragem, “O Órfão”, ganhou a Palma Queer no Festival de Cannes. O filme conta a história de um menino devolvido para adoção diversas vezes por seu jeito “afeminado”.
Antes do premiado em Cannes, a cineasta estreou com “69 - Praça da Luz”, em 2008, contando a história de prostitutas idosas. Depois vieram “Edifício Tatuapé Mahal”, “Postergados” e, em 2021, “Namoro a Distância”.
As obras de Carolina Markowicz são conhecidas por misturar drama com humor ácido. É por essa lente que a cineasta escolheu trabalhar os assuntos espinhosos de que trata em seus filmes, como hipocrisia e performances sociais.
“Nos meus filmes as mulheres tomam atitudes erradas, mas tomam atitudes”, resumiu Markowicz em uma entrevista para o Cine Ninja.
O novo e premiado “Pedágio” conta a história de uma mãe, interpretada por Maeve Jinkings, que começa a usar seu trabalho como cobradora de pedágio para ganhar mais dinheiro ilegalmente e conseguir financiar a ida de seu filho à “cura gay” ministrada por um pastor estrangeiro. O longa ainda não tem data de estreia nos cinemas.