Apesar de serem duas religiões com influência de crenças africanas, e semelhantes em alguns aspectos, a Umbanda e o Candomblé têm pontos importantes que as diferenciam em relação às suas fundamentações, ritos e estrutura religiosa. Saber a diferença entre as duas é importante para combater o racismo e a intolerância religiosa que ambas as crenças sofrem no Brasil.
O primeiro ponto que diferencia as duas religiões é que o Candomblé é uma religião de matriz africana, trazida para o Brasil pelas pessoas negras escravizadas, e Umbanda é considerada uma religião brasileira, pois nasceu em solo brasileiro em 1908, e mistura crenças e mitos do Candomblé, do espiritismo, do catolicismo - devido ao sincretismo religioso - e dos elementos indígenas.
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Outras diferenças são em relação ao culto aos Orixás, às vestimentas, à hierarquia, aos instrumentos, e outros pontos listados abaixo:
Orixás:
As duas religiões realizam o culto aos Orixás, mas cada uma os tratam de forma diferente. Na Umbanda, os Orixás são um mistério divino. Já no Candomblé, eles são considerados ancestrais supremos, com personalidades e habilidades distintas.
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Rituais de incorporação
Na Umbanda, os rituais sagrados (giras) acontecem por meio da incorporação de espíritos humanos através dos médiuns. Há também a incorporação de entidades como caboclos, preto velho, pomba-gira, Exu e outros. No Candomblé, o espírito humano (Egun) não pode se manifestar e a conexão com os Orixás acontece no Ori (cabeça da pessoa).
Assistência
No Candomblé, os seguidores da religião têm contato com o mundo superior (Orixás) através da consulta de búzios. Na Umbanda, a assistência é feita através da incorporação, onde os espíritos se manifestam para conversar com os religiosos.
Vestimentas
Apesar das vestimentas brancas estarem presente nas duas religiões, o Candomblé também faz uso de roupas específicas para cada Orixá, com muita cor e brilho. Para os candomblecistas, é importante estar “Odara”, que na língua iorubá é o bom e bonito na mesma conjunção.
A Umbanda faz uso o uso padrão de uniformes na cor branca, como saias e camisetas ou calças e camisetas. Há exceções em giras dedicadas a Exu e pomba-gira, onde a cor vermelha se torna presente. Também há uso de capas, cartolas, lenços em alguns terreiros.
Abate de animais
No Candomblé há o abate de animais como galinhas e cabritos, em algumas datas do ano, para alimentar os filhos da casa e comunidade. As outras partes do animal além da carne são servidas aos Orixás como um ritual de troca de energia de vitalidade entre a pessoa iniciada e seu orixá.
Na Umbanda, não há essa prática.
Instrumentos
Para o Candomblé, se não há música, o Orixá não desce para a terra. Por isso, a presença dos tambores é imprescindível durante as celebrações. Na Umbanda, o uso do atabaque é opcional de cada terreiro e frequentemente usado para pontos de Umbanda, cantos que se diferenciam do Candomblé, onde são entoados em alguma língua africana que aquele o terreiro tem como vertente.
Hierarquia
Na Umbanda, não há uma hierarquia tão rígida quanto no Candomblé, onde antiguidade, em relação ao tempo de iniciação da pessoa naquele terreiro, é posto. Por isso, os mais velhos na casa são sempre reverenciados pelos mais novos. Na Umbanda, a hierarquia acontece apenas em relação ao cargo: Pai de Santo, Ogãs, Cambones e Médiuns.
Reencarnação
Tanto a Umbanda quanto o Candomblé acreditam no retorno do espírito à terra após a morte. No entanto, para o Candomblé, essa reencarnação tem relação com o culto aos ancestrais, não tendo um objetivo fundamental para que aconteça. Já na Umbanda, o retorno acontece para que os espíritos tenham oportunidade para evoluir, até transcender e passar a um outro estágio de vida.