A sonda chinesa Cheng'e, enviada para o lado oculto da Lua em maio de 2024, trouxe à Terra, em junho do mesmo ano, amostras lunares recolhidas na Bacia do Polo Sul-Aitken, uma cratera de até 2.500 km de diâmetro, que se acredita ter sido formada há pelo menos 4,2 bilhões de anos.
As amostras do material lunar têm sido estudadas, desde então, a fim de descobrir mais detalhes acerca do passado lunar e de suas principais características geológicas.
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De acordo com um artigo publicado na revista Science no final deste fevereiro, liderado por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, a composição do basalto lunar capturado pela sonda Cheng'e revela um aspecto interessante sobre o passado do satélite natural e seus processos interiores antigos: a composição das rochas indicava a presença de materiais formados, provavelmente, durante o estágio magmático da lua, quando oceanos de magma se espalhavam pela superfície lunar.
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O basalto é uma rocha ígnea formada por processos de vulcanismo — a partir do resfriamento da lava basáltica, rica em ferro e magnésio —, e um dos tipos mais abundantes de rocha terrestre.
Na lua, no entanto, esse tipo de rocha também é comumente encontrada, e sua formação está associada a antigas erupções vulcânicas ocorridas nos mares lunares há bilhões de anos, que então a posicionaram nas regiões mais escuras do satélite — aquelas que não são visíveis da Terra.
Estima-se que o basalto lunar tenha sido formado entre 3,1 e 3,8 bilhões de anos atrás, a partir do resfriamento da lava que emergia de fissuras na sua "crosta oceânica".
Hoje, esses antigos "mares de lava" estão solidificados em planícies lunares cobertas de basalto, como é o caso da amostra trazida pela sonda chinesa.
A análise das amostras segue a teoria do "mar de magma" lunar, conforme postularam estudos realizados anteriormente, que levam em conta a presença de isótopos em volume significativo na composição dessas rochas para indicar sua formação durante a cristalização do oceano de lava.