Na última sexta-feira (20), a rede social X informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que nomeou a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova como sua nova representante legal no Brasil, uma das exigências para que a plataforma volte a operar no país.
No entanto, o ministro Alexandre de Moraes fez uma série de novas determinações para a empresa de Elon Musk. Entre as novas exigências, a rede social X deve apresentar documentos que comprovem que a plataforma está regularizada no Brasil.
Te podría interesar
Além disso, Moraes também solicitou papéis com informações sobre a nomeação da advogada Rachel de Oliveira Villa Nova. O ministro pediu ainda que a Polícia Federal (PF) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) encaminhem relatórios.
Em seu despacho, Alexandre de Moraes deu o prazo de cinco dias para que a rede social X envie os documentos solicitados. Para a PF e Anatel, o magistrado estabeleceu o prazo de 48 horas. Ambos os prazos começam a contar a partir desta segunda-feira (23).
Te podría interesar
X vai voltar a funcionar no Brasil após indicação de representante legal?
A rede X (antigo Twitter), do bilionário Elon Musk, vem cedendo e acatou algumas determinações da Justiça brasileira impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que posteriormente foram ratificadas pelos demais ministros da Corte. Com isso, o bloqueio da plataforma no Brasil pode ser revertido, permitindo o retorno do acesso aos usuários no país. Contudo, a reativação da X ainda depende de alguns fatores.
Nesta sexta-feira (20), a empresa de Musk nomeou a advogada Raquel de Oliveira Villa Nova como sua representante no Brasil, uma das condições exigidas para que a plataforma volte a operar no país. Até o momento, o STF ainda não confirmou oficialmente essa nomeação.
No final de agosto, Moraes ordenou o bloqueio do acesso ao X no Brasil, após a empresa desrespeitar várias determinações judiciais e encerrar sua representação legal no país. Nos últimos dias, no entanto, a empresa começou a cumprir algumas ordens judiciais, incluindo o banimento de perfis investigados por utilizarem a rede social para a prática de crimes ou para dificultar investigações.
Em relação às multas aplicadas por descumprimento das ordens judiciais, a empresa não as pagou voluntariamente. Como resultado, Moraes determinou o bloqueio dos bens da X e da Starlink, empresa de internet via satélite de Musk, transferindo R$ 18,3 bilhões do grupo do bilionário para a União.
A retomada das operações da X no Brasil depende da validação, por Moraes, da indicação da nova representante legal no país, além da análise sobre se o bloqueio de perfis e a apreensão de bens são suficientes para que a rede esteja em conformidade com as exigências da Justiça. Para que isso ocorra, o ministro precisará emitir uma nova decisão, baseada em negociações com a advogada recém-nomeada. Não há, até o momento, uma data definida para essa decisão.
Moraes vai pra cima de Musk e impõe multa de R$ 5 milhões por manobra com rede X
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, partiu para cima do bilionário Elon Musk após manobra realizada para burlar a decisão judicial e colocar no ar a rede X no Brasil.
Na manhã desta quarta-feira (18), diversos usuários relataram que estavam conseguindo acessar a rede, mesmo com o bloqueio em vigor desde 30 de agosto, por descumprimento de várias decisões judiciais. Embora o acesso não tenha sido liberado para todos, alguns usuários puderam utilizar a plataforma.
Isso foi possível graças a uma atualização no aplicativo, que passou a utilizar o Cloudflare, operadora de rede diferente da que usava antes.
Nesta quinta-feira (19), Moraes decidiu multar em R$ 5 milhões por dia a rede X e a Starlink - subsidiária do bilionário que tem representação legal no Brasil - por colocar novamente a plataforma no ar.
Em edital de intimação - já que o X não tinha representante no país -, o ministro do STF determina que a plataforma "imediatamente, suspenda a utilização de seus novos acessos pelos servidores CDN Cloudfare, Fastly e Edgeuno e outros semelhantes, criados para burlar a decisão judicial de bloqueio da plataforma em território nacional, sob pena de multa diária de R$ 5 milhões".
"Intenção deliberada"
Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Agência Nacional de Telecomunicaçõe3s (Anatel), afirma que a rede X, de Elon Musk, "demonstra intenção deliberada de descumprir a ordem do STF".
"A conduta da rede X demonstra intenção deliberada de descumprir a ordem do STF. Eventuais novas tentativas de burla ao bloqueio merecerão da Agência as providências cabíveis", diz o texto.
Segundo a Anatel, foi constatado nesta quarta-feira "que a rede social X estava acessível a usuários, em desrespeito à decisão judicial proferida pelo Supremo Tribunal Federal".
"Com o apoio ativo das prestadoras de telecomunicações e da empresa Cloudfare, foi possível identificar mecanismo que, espera-se, assegure o cumprimento da determinação, com o restabelecimento do bloqueio".
Segundo a Anatel, a atualização da plataforma - que deu acesso aos brasileiros - foi aplicada em redes de servidores conhecidas como CDNs (Redes de Entrega de Conteúdo) pela plataforma de Elon Musk, o que teria permitido que alguns brasileiros retomassem o acesso à rede social.
Em entrevista ao portal Convergência Digital, Basílio Perez, membro do Conselho da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações, explicou: "O aplicativo do Twitter, agora X, foi atualizado durante a noite, e a nova versão não utiliza mais a rede de IPs anterior. Eles passaram a usar um proxy reverso por meio de serviços como Cloudflare e outras redes."
O proxy reverso age como um filtro de tráfego, frequentemente usado para proteção contra ataques, como os de negação de serviço. Na prática, ele funciona como um servidor adicional, utilizando um sistema de resolução de endereços (DNS) diferente, o que resulta na utilização de outros IPs.
Essa mudança de endereços IP foi o que dificultou o bloqueio eficaz da rede em várias regiões do Brasil. Inicialmente, o bloqueio da plataforma foi feito via DNS, mas, devido aos acessos contínuos, foi necessário bloquear cerca de 42 mil IPs relacionados ao microblog.
Não deu certo
A Cloudflare, empresa norte-americana que presta o serviço utilizado na atualização da plataforma X, foi informada pela Anatel sobre o ocorrido e decidiu colaborar para restabelecer o bloqueio da rede social. Segundo o portal UOL, a empresa "isolou" o tráfego da rede de Elon Musk, permitindo que a Anatel bloqueasse novamente o acesso ao X, sem afetar outros serviços.
Na noite de quarta-feira (18), a Anatel notificou cerca de 20 mil operadoras e provedores de internet para impor, mais uma vez, o bloqueio à plataforma. Na manhã de quinta-feira (19), o acesso à rede social já estava indisponível para os usuários no Brasil.
X diz que foi "sem querer"
Na noite de quarta-feira (18), a plataforma X, através de seu perfil oficial de relações governamentais, declarou que o restabelecimento do acesso no Brasil ocorreu de forma "inadvertida", ou seja, "sem querer".
"Quando o X foi bloqueado no Brasil, nossa infraestrutura para fornecer serviço para a América Latina não estava mais acessível para nossa equipe. Para continuar oferecendo um serviço ideal aos nossos usuários, mudamos de operadora de rede. Essa alteração resultou em uma restauração inadvertida e temporária do serviço para usuários brasileiros", informou o comunicado.
"Embora esperemos que a plataforma fique inacessível novamente em breve, continuamos a trabalhar com o governo brasileiro para que ela retorne o mais rápido possível para o povo brasileiro", concluiu a nota.