A nova série documental da Netflix "O futuro de Bill Gates" ("What's Next? The Future with Bill Gates") explora, em cinco episódios, questões globais críticas: inteligência artificial, mudanças climáticas, desigualdade de renda, e inovações tecnológicas.
Lançada no dia 18 de setembro, a série antecipa os debates que estão em curso nesta semana na Organização das Nações Unidas (ONU). Em especial durante a Cúpula para o Futuro, que teve início no domingo (22) e resultou no Pacto para o Futuro.
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O episódio de abertura, "O que a IA pode fazer por nós e conosco?", aborda os desafios, progressos e alertas sobre inteligência artificial (IA). Especialistas, inovadores, jornalistas de tecnologia e até o diretor de cinema James Cameron são entrevistados pelo fundador da Microsoft que virou filantropo bilionário.
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O diretor do blockbuster Titanic entrega uma metáfora apocalíptica em referência à urgência em regular o uso de IA antes que seja tarde demais: não esperar uma batida em um iceberg para acordar para o tema.
Lagartos que dominam o mundo
O segundo episódio, "Verdade ou consequência?", é uma mistura de terror e diversão e aborda o problema da desinformação, epidemia das fake news e de teorias da conspiração.
Um dos trechos que arrancam gargalhadas é o que fala sobre a hilária teoria da conspiração dos reptilianos. Essa fantasia ganhou popularidade a partir dos anos 1990, impulsionada por David Icke, um teórico da conspiração britânico. Segundo ele, essas criaturas alienígenas manipulam os eventos mundiais com o objetivo de dominar a humanidade.
Na série, é difícil segurar o riso ao acompanhar a "descoberta" de Gates: o astro de Hollywood Tom Hanks teria se juntado à sua sociedade secreta de lagartos empenhada em dominar o mundo por meio de microchips em batatas fritas do McDonald's. Vamos combinar que essa turma conspiradora tem uma criatividade sem limites para incorporar vários mitos estadunidenses em uma teoria gigante.
Usinas nucleares de nova geração
Em "Podemos impedir o aquecimento global?", o terceiro episódio, serve mais como propaganda da solução defendida e financiada por Gates, as usinas nucleares de nova geração. O bilionário defende o desenvolvimento de reatores modulares avançados, conhecidos como TerraPower.
Essas usinas são projetadas para serem mais seguras e eficientes do que as usinas nucleares tradicionais. Elas utilizam combustível à base de sódio líquido, que permite a reutilização de resíduos nucleares, e são mais resistentes a falhas, além de produzirem menos resíduos. Gates vê a energia nuclear como uma solução viável para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e combater as mudanças climáticas.
O que fazer com os bilionários?
No episódio sobre "É possível ser rico demais?", a desigualdade social é tratada sob diferentes perspectivas, todas extremamente superficiais e até cínicas. Gates entrevista, entre outros, dois senadores, o democrata Bernie Sanders e o republicano Mitt Romney.
Sanders é um crítico ferrenho de bilionários e faz o otimismo de Gates vacilar ao chamar a riqueza dele de "obscena". O democrata argumenta que a extrema concentração de riqueza é prejudicial à sociedade e defende que os bilionários deveriam pagar mais impostos.
Mas Gates não parece muito interessado na ideia de limitar fortunas e fica mais à vontade na companhia de Romney. Esse talvez seja o trecho mais problemático, porque o republicano desfia um rosário de mentiras difíceis de engolir. E não disfarça sua sinofobia desconcertante.
Para começar, ele propaga uma inverdade histórica ao afirmar que o capitalismo "é melhor que qualquer alternativa que vimos pelo mundo". Ele afirma que "muitas pessoas viveram na pobreza sob o socialismo e o comunismo por séculos". O socialismo foi adotado como sistema político em 1917, com a Revolução Russa.
Outra lorota é que para Romney, a China tirou cerca de 800 milhões de pessoas da pobreza por ter adotado o livre mercado. Ele sequer reconhece esse feito extraordinário e se "esquece" de considerar o sistema político que vigora desde 1949 na potência asiática, o papel do Estado no alívio da pobreza e o modelo de gestão socialista que aplica os planos quinquenais para avançar na qualidade de vida do povo chinês.
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O republicano também não explica como o livre mercado que vigora nos EUA permite que existam 38 milhões de estadunidenses incapazes de pagar as necessidades básicas da vida enquanto 1% detém 40% da riqueza de todo o país.
A tecnologia pode vencer as doenças?
No quinto e último episódio da série, "Podemos ser mais espertos do que a doença?", Gates explora os avanços na ciência e tecnologia para combater doenças e pandemias.
O bilionário filantropo discute a importância de inovações médicas, como vacinas e tratamentos, além de destacar o papel crucial da prevenção e do investimento em saúde global. O episódio aborda questões de saúde pública e como a ciência pode ser usada para erradicar doenças, melhorando a vida de milhões de pessoas, especialmente em regiões mais vulneráveis.
Assista ao trailer oficial
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