Você com certeza já viu um produto nas gôndolas do supermercado com a inscrição de plástico biodegradável. Mas não acredite em tudo que você lê por aí.
Um estudo do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar-Unifesp) analisou produtos de 40 supermercados brasileiros que tinham o rótulo de plástico biodegradável.
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Os pesquisadores descobriram que 49 produtos com tal marcação não eram feitos de plásticos biodegradáveis. A maioria eram feitos de plásticos oxodegradáveis, que ainda assim soltam microplásticos no meio ambiente. Além disso, uma parte deles (9%) eram feitos apenas de plástico normal.
“Para ser considerado biodegradável, um produto, quando descartado no meio ambiente, deve-se converter em água [H2O], gás carbônico [CO2], metano [CH4] e biomassa em um intervalo de tempo relativamente curto. Não há consenso sobre que intervalo de tempo é esse. Mas a ideia geral é que varie de algumas semanas a um ano. Nenhum dos 49 itens que investigamos atendeu a esse requisito”, diz Ítalo Castro, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar-Unifesp) em entrevista a José Tadeu Arantes, da Agência Fapesp.
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“Os plásticos oxodegradáveis já foram proibidos em vários locais do mundo, incluindo a União Europeia. Na maioria dos casos, as proibições ocorreram pela falta de evidências de biodegradabilidade em ambientes reais, associada ao risco de formação de microplásticos”, completou o orientador da pesquisa.
Mais caros e mentirosos
De acordo com o estudo, os produtos que afirmam ser biodegradáveis ??eram 125% mais caros do que os seus equivalentes. Nenhum deles se encaixava na definição de biodegradabilidade aceita pelos órgãos internacionais.
"Considerando que a biodegradabilidade dos oxopolímeros tem sido amplamente refutada pela literatura científica, nossos resultados indicam que nenhum dos produtos que afirmam ser biodegradáveis ??vendidos nos supermercados brasileiros é, de fato, biodegradável", diz o abstract do estudo, assinado também por Beatriz Barbosa Moreno, Beatriz Veneroso Rodrigues, Letícia Regina Afonso e Paula Christine Jimenez. O artigo foi publicado no Sustainable Production and Consumption.