SAÚDE

A solução para ansiedade, depressão e obesidade? O que é o nervo vago, que tem encantado cientistas

Diversos problemas de saúde mental tem sido estudados a partir do nervo vago, mas o que é verdadeiro nessas descobertas?

Seria a estimulação deste nervo desconhecido a possível solução para problemas neurológicos?Créditos: Manu5
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E se ao invés de tomar comprimidos para melhorar nossa saúde física e mental, pudéssemos estimular um nervo que nos ajuda a combater a depressão, a ansiedade, a obesidade e até os efeitos da covid longa?

nervo vago, um par de nervos que conecta o cérebro ao resto do nosso corpo, pode ser uma das chaves para conseguir fazer exatamente isso. Ao menos é o que dizem alguns cientistas.

O que é o nervo vago?

O nervo vago é um dos principais nervos do corpo humano, e é responsável por conectar o cérebro com diversas partes do sistema autônomo do nosso corpo, ou seja, controla atividades do nosso corpo sob as quais não temos controle, como frequência cardíaca, controle respiratório, função digestiva e até o nosso humor.

Desde o século 19, sua função tem sido estudada por pesquisadores que desejavam tratar efeitos da epilepsia em seres humanos. Contudo, nas últimas décadas, cientistas têm estudado quais são seus efeitos em outras áreas da saúde humana.

Pesquisas com o nervo vago

Existem dois motivos que fazem o nervo vago ser um ponto interessante de pesquisa para cientistas e médicos: o primeiro é que ele pode ser uma conexão entre o cérebro e o resto do corpo, ajudando, por exemplo, na redução de inflamações cerebrais e de problemas neurológicos. O segundo é que ele pode influir diretamente em funções automáticas do corpo humano, como, por exemplo, a saciedade.

Nervo vago e saúde mental

Os pesquisadores estudaram e já demonstraram benefícios da estimulação elétrica do nervo vago para casos de epilepsia. Agora, se estuda se ele pode ter impacto em problemas como ansiedade, depressão e transtorno pós-traumático.

Estudos de pequena escala, com grupos de pacientes reduzidos, têm sido conduzidos em diversas faculdades e mostram resultados promissores.

Uma pesquisa de 2000 publicada na Biological Psychiatry mostrou que o estímulo do nervo tem resultados positivos contra depressões resistentes a medicações.

Pesquisadores da Universidade da Florida têm estudado o impacto direto do nervo vago em tratamentos de transtorno pós-traumático e obtido resultados surpreendentes.

"Eles se conectam a muitos sistemas de órgãos diferentes. Há um corpo crescente de evidências sugerindo que a estimulação do nervo vago tratará uma ampla gama de doenças e distúrbios - desde artrite reumatoide até depressão e alcoolismo.", afirma o Dr. Benjamin Metcalfe da Universidade de Bath ao Guardian.

Nervo vago e obesidade

Por controlar parte do sistema digestivo, cientistas como o professor Chris Toumazou do Imperial College London acreditam que ele pode ajudar em pacientes que precisam reduzir sua ingestão alimentar.

 "O dispositivo será capaz de enviar um sinal oposto ao cérebro para dizer: 'Não, você está cheio'", diz Toumazou em entrevista ao The Guardian. "Não estamos cortando completamente esses sinais, mas controlando-os, o que poderia ser um meio muito melhor de controle da obesidade do que uma cirurgia de bypass gástrico", afirma.

Como ativar o nervo vago?

Então: é aí que mora o problema. Muitos influenciadores nas redes sociais afirmam ter "truques" para ativar o nervo vago, ou dão aulas de yoga focadas no nervo. O problema é que nenhum desses métodos demonstrou que realmente ativa o nervo vago ou apresenta qualquer resultado relacionado a esta parte do sistema nervoso específica.

Até agora, somente estudos laboratoriais e algumas máquinas são capazes de enviar os sinais elétricos corretos ao nervo vago, portanto, não, não confie em "exercícios para ativação do nervo vago" que você vê na internet.

Portanto, o que estamos vendo é o nascimento de uma nova terapia, que pode acabar sendo revolucionária. Porém, no momento, é hora de esperar os cientistas trabalharem (e não cair no conto da carochinha de influenciadores digitais de bem estar).