Pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) estão estudando o desenvolvimento de um medicamento da disfunção erétil a partir de uma toxina do veneno da aranha armadeira (sim, a considerada a mais letal do mundo).
Um dos sintomas enfrentados por pessoas que são picadas pela aranha armadeira, uma das mais perigosas do Brasil, é o priapismo. O sujeito afetado pelo priapismo tem uma ereção dolorida, longa e duradoura.
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O sintoma chamou a atenção dos pesquisadores há mais de 20 anos, que estudam o peptídeo, batizado de BZ371A. Ele já gerou 22 patentes internacionais e nove aplicadas.
Veneno de aranha pode ser remédio?
O enfoque dos estudos é saber se ela pode apresentar resultado em pessoas com diabetes tipo 2 e hipertensão, que atualmente não respondem ao Cialis e ao Viagra, medicamentos mais comuns no mundo do combate à disfunção erétil.
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Contudo, as pesquisas podem se expandir para outras toxinas e outras doenças. “É uma pesquisa inspirada pela nossa biodiversidade, que começa com o estudo do veneno de uma aranha e está próxima de gerar um possível medicamento. Isso ajuda a demonstrar por que a nossa fauna deve ser preservada: ela é uma fonte inesgotável de moléculas bioativas, e não conhecemos nem 1% desse potencial. Nosso trabalho, que é de ciência básica, busca identificar atividades biológicas de interesse nos venenos e detectar potenciais modelos de fármacos para uma ampla gama de doenças”, afirma Maria Elena de Lima, professora titular da UFMG aposentada que chefia a pesquisa junto da Fundação Ezequiel Dias, ao jornal da universidade.
O BZ371A já passou por testes de fase 1 e é seguro para consumo humano. A patente foi adquirida por uma empresa farmacêutica, a Biozeus, que vai passar o potencial remédio para os testes de fase 2.
“Como empresa que abraçou esse projeto, temos alguns pontos a destacar. O primeiro deles é que esta talvez se torne a primeira vez em que uma descoberta da universidade brasileira resulta numa medicação que seja desenvolvida para todo o mundo. E acreditamos que esse caso bem-sucedido, conduzido por brasileiros no Brasil, com repercussão mundial, pode ser capaz de mudar todo o ecossistema de inovação em fármacos no país”, projeta Paulo Lacativa, CEO da Biozeus.
O desenvolvimento da pesquisa com a toxina valeu à professora Maria Elena de Lima o prêmio Champions of Science Storytelling Challenge, edição América Latina e Caribe, da Johnson & Johnson, em 2019.
A aranha mais letal do mundo
De acordo com o Instituto Butantã, a aranha-armadeira (Phoneutria sp), é de fato a espécie considerada mais perigosa do mundo. Elas costumam habitar o Brasil, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Guiana.
As aranhas-armadeiras são geralmente grandes em comparação com muitas outras espécies de aranhas. Elas podem ter uma envergadura de pernas de até 15 a 20 centímetros e podem pular até 2 metros de altura.