ELEIÇÕES 2024

Boulos detona Marçal sobre charlatanismo em fazer cadeirante andar; vídeo

Ao Flowpodcast, Boulos alertou para o risco de Marçal unir o extremismo bolsonarista com a facção criminosa PCC "chegando na prefeitura e com a chave do cofre da maior cidade do país"

Pablo Marçal e Guilherme Boulos em debate na Band.Créditos: Reprodução/Band TV
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Em entrevista ao Flow Podcast na noite desta segunda-feira (2), Guilherme Boulos (PSOL) detonou o ex-coach Pablo Marçal ao expor a estratégia charlatanista do ex-coach que, no mesmo programa, havia dito dias antes em ressuscitar pessoas mortas com suas técnicas de coachismo.

"Fake News na política infelizmente virou rotina. Só muda o tema, o método é o mesmo. Infelizmente, quem está na política tem que desenvolver formas para lidar com isso", disse o candidato de Lula ao ser indagado sobre a mentira criada e propagada pelo adversário de que ele é usuário de cocaína.

O deputado do PSOL ainda foi lembrado das eleições de 2020, quando já se sabia que Bruno Covas (PSDB), que foi eleito prefeito à época com Ricardo Nunes como vice, estava em tratamento contra um câncer, que o vitimou em maio de 2021.

"Teve gente que me aconselhou, numa lógica de vale-tudo, a jogar isso para a campanha. E eu falei que não ia fazer isso nem a pau porque tem um limite, um limite que é ético. Você poder chegar na sua casa e olhar para suas filhas, dormir em seu travesseiro. Básico. Tem que ser um limite de vida, não só na política".

Em seguida, Boulos falou sobre as eleições atuais e disse que o papel de Marçal é "tumultuar, fazer guerra na internet".

"O Marçal, no começo, eu achava que era mais um mentiroso, que está ali. No começo ele me lembrava muito o Doria. O cara que sai vendendo: eu sou de fora da política, empresário, bem sucedido. Um discurso do Doria. Depois percebi que não é só isso. Ele é um cara que brinca com o sonho das pessoas", disse.

"Me mostraram um trecho dele aqui, conversando contigo, quando ele falou um negócio de levantar defunto no velório. Alguém que faz isso e ainda fala isso com certo orgulho. Se coloque nesse lugar, de uma família que perdeu pai, mãe, irmão, filho, alguém querido. Pensa: alguém que chega para um cadeirante, cujo maior sonho é voltar a andar, e brinca com isso. Tem um elemento patológico", emendou.

Boulos, que é mestre em Psiquiatra pela Universidade de São Paulo, ainda deu uma aula sobre a psicopatia do adversário, recorrendo ao pai da psicanálise, Sigmund Freud.

"Aqui não falo como candidato, eu falo como um cara que se formou em psicanálise, fiz meu mestrado em Psiquiatria. Tem um elemento de psicopatia. Freud tem um texto que ele fala das pessoas que são meio vazias e tiveram algum tipo de sentimento de inferioridade ou dificuldades com relações familiares na infância e essas pessoas desenvolvem um mecanismo de inversão, que gera um sentimento de superioridade, desejo de superioridade. É alguém que se sente inferior, vira megalomaníaco e fica: vou ganhar no primeiro turno. Começa a achar que é o Super-Homem que pode resolver todos os problemas e ai ele começa a acreditar na própria mentira. Ai que vira patológico", explicou.

Boulos ainda creditou a subida expressiva de Marçal na disputa em São Paulo à cooptação de uma base bolsonarista que estava dispersa com o apoio contrariado do ex-presidente a Nunes.

"O que ele fez foi organizar uma parte do eleitorado de São Paulo que estava no muro: 'porra no Ricardo Nunes não voto'. E foi para Marçal. O cara que votou no Bolsonaro e estava falando 'esse Ricardo Nunes é muito bunda mole e não vou nele' e estava no nulo. Ou que estava no Ricardo Nunes porque Bolsonaro falou que era candidato dele. Quando o Marçal surge com esse discurso, que é puro suco do bolsonarismo - embora seja diferente de Bolsonaro em muitos aspectos -, [...] ele catalisa esse eleitorado bolsonarista", afirmou.

Boulos ainda fez uma alerta, de que não se pode subestimar o ex-coach e do risco que ele representa ao unir o extremismo neofacista dos bolsonaristas à facção criminosa PCC, o Primeiro Comando da Capital, grupo em que ele tem diversas ligações.

"Não vamos subestimar, mas nem o céu e nem o inverno. São Paulo hoje está vivendo um risco de ter uma articulação da política bolsonarista com o crime organizado, chegando na prefeitura e com a chave do cofre da maior cidade do país".

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