Na véspera da greve marcada para a categoria dos motoristas de ônibus de São Paulo (SP) nesta quarta (3), duas reuniões cruciais foram agendadas entre representantes dos trabalhadores, empresários e autoridades públicas nesta terça-feira (2). Apesar dessas oportunidades de diálogo, até o fim da tarde desta segunda, não havia indícios de progresso nas negociações.
Convocada pela SPTrans, a empresa municipal de transportes, a reunião tem como objetivo apresentar dados sobre os custos da mão-de-obra no sistema de ônibus da cidade. Técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que fornecem assessoria técnica ao sindicato dos trabalhadores, também estarão presentes.
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Na última sexta-feira (28), os trabalhadores rejeitaram em assembleia a proposta do sindicato patronal de um reajuste de 3,23% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A divergência entre trabalhadores e empresas se acentua pela falta de consenso sobre o parâmetro para calcular a perda pela inflação. Os trabalhadores reivindicam um reajuste de 3,69% conforme o Índice Oficial de Inflação (IPCA), além de um aumento real de 5% e a compensação das perdas salariais ocorridas durante a pandemia, totalizando 2,46%, de acordo com cálculos do Dieese.
No entanto, a SPTrans e a prefeitura recorreram ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), pedindo que seja garantida a operação de 100% dos ônibus durante os horários de pico e de 80% da frota no restante do dia. Na manhã desta terça-feira, às 10h, o Tribunal de Contas do Município (TCM) mediará uma reunião que pode ser decisiva entre representantes do Sindmotoristas, que inclui motoristas, cobradores, mecânicos e outros trabalhadores, e os representantes das empresas de ônibus.
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Às 11h, o TRT-2 realizará uma audiência de conciliação, convocada pelo desembargador Davi Furtado Meirelles após o sindicato dos trabalhadores relatar a falta de progresso nas negociações. O presidente do Sindmotoristas, Edivaldo Santiago, participará dessa audiência, onde poderá surgir uma nova postura sobre a paralisação. Até o momento, o sindicato não marcou nenhuma assembleia com os trabalhadores para esta terça-feira (2).
Para Ricardo Nunes (MDB), "em relação às motivações dos trabalhadores, a Prefeitura esclarece que apenas acompanha a negociação entre as partes e espera que os representantes da categoria e dos empresários encontrem um ponto em comum na campanha salarial sem prejuízo aos passageiros", diz a gestão em nota.
Uma paralisação anunciada no início de maio pelos motoristas foi suspensa. A decisão veio após o TCM estabelecer uma mesa técnica para mediar as negociações entre empresas e funcionários ao longo do mês passado. A suspensão foi intermediada pela Justiça do Trabalho e pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Milton Leite (União Brasil).
Reivindicações
- Reajuste salarial de 3,69% pelo IPCA-IBGE mais 5% de aumento real;
- Reposição das perdas de 2,46% desde 2020, conforme acordado em audiência de mediação no TRT-SP
- Melhora na cesta básica;
- Aumento do PPR (Programa de Participação nos Resultados) de R$ 1.200 para R$ 2.000;
- Vale Refeição de R$ 38/dia (atualmente R$ 33,7/dia);
- Melhorias nas condições dos locais de trabalho e jornada menor
- Seguro de vida de 10 salários mínimos, conforme lei 12.619;
- Melhoria dos convênios médico e odontológico;
- Revisão dos valores do auxílio funeral.