Os servidores federais ambientais iniciaram greve nesta segunda-feira (24) depois de pelo menos seis meses de mobilização. A paralisação deve afetar, pelo menos, 21 estados e vai até o dia 1° de julho.
A greve dos servidores inicia em um momento crítico em que o Pantanal e o Cerrado batem recordes de queimadas. Porém, sem acordo com o governo federal, a categoria decidiu pela greve. Até o momento, quatro estados já pararam.
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Os servidores do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB) reivindicam reestruturação da carreira com equiparação de salários aos da Agência Nacional de Águas (ANA).
As negociações com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) já duram seis meses, mas de acordo com a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional), a proposta do governo foi “rechaçada em 100% das assembleias” de suas entidades locais já que não teria atendido a “nenhum dos principais pontos”.
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Em entrevista à Fórum no começo do mês, para a reportagem sobre a paralisação nacional da categoria no Dia Mundial do Meio Ambiente, Wallace Lopes, diretor da ASCEMA Nacional e Agente Ambiental e Fiscal do Ibama desabafou sobre a situação dos servidores sem atendimento às suas demandas.
"A sensação que temos é que todo o trabalho desenvolvido pelos servidores na construção de uma proposta de reestruturação com um olhar central no fortalecimento das instituições diante dos desafios que a realidade atual já nos impõe, foi completamente ignorado pelo governo", disse.
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Operação Tartaruga
Em janeiro, quando os servidores ambientais começaram as mobilizações, iniciaram também a "Operação Tartaruga", que significou uma paralisação parcial das atividades, causando impacto em diversas áreas.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados em maio mostraram que, sem a fiscalização do Ibama, a área de degradação florestal da Amazônia aumentou quase 17 vezes no primeiro quadrimestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, a falta de acordo com o governo e o prosseguimento da paralisação parcial também resultaram num aumento de 81% dos focos de incêndio entre janeiro a abril, quando o país registrou mais de 17 mil focos, um número sem precedentes para esse período desde que os dados começaram a ser compilados, há 26 anos.
A mobilização da categoria também causou uma baixa no número de autos de infração e aplicação de multas no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento do ICMBio.
Agora, com a greve, a previsão dos servidores é de um atraso de pelo menos quatro meses para solucionar as dezenas de licenciamentos.