A Polícia Militar de São Paulo, estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), é a campeã brasileira de homicídios praticados por policiais de folga ou fora de serviço. O dado está no 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com o relatório, foram 211 crimes dessa natureza cometidos em todo o país ao longo de 2023, sendo 120 deles em território paulista. Desses 120, 16 foram praticados por policiais civis e 104, quase a totalidade de todas as outras polícias do país somadas, por PMs.
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É verdade que muitos estados não informaram os dados, entre eles o Rio de Janeiro, conhecido por milícias, múltiplas facções e polícias violentas. Mas, mesmo assim, os números da PM paulista mostram-se altíssimos em relação à média nacional.
Entre os estados que forneceram os dados, o segundo colocado é o Rio Grande do Sul, com 13 assassinatos. Ceará (11), Pará (10) e Minas Gerais (9) vêm em seguida.
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Entre as explicações para os números paulistas está a ascensão da gestão Tarcísio, que colocou Guilherme Derrite, um ex-PM oriundo de um dos batalhões mais violentos do Estado e apologista da violência policial nas redes sociais, como secretário de Segurança Pública. Desde então, ele vem promovendo um verdadeiro aparelhamento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) na área, embalado pelo discurso de aprovação do governador.
Com certo grau de autonomia para agir, a PM paulista promoveu as operações Escudo e Verão, entre 2023 e 2024, na Baixada Santista. E, sob o pretexto público e notório de retaliar crimes cometidos contra policiais na região, aplicou punições coletivas às comunidades e produziu dezenas de execuções de inocentes.
Em serviço ou de folga, o relatório também aponta que a letalidade policial aumentou 189% nos últimos 10 anos. Mas tanto sangue gera suas consequências. 2023 foi o primeiro ano em que a principal causa de morte de policiais foi o suicídio; confrontos em serviço ou em folga vieram só depois.
“O ano de 2023 registrou, em relação ao ano anterior, queda de 18,1% na taxa de policiais civis e militares vítimas de CVLIs (Crimes Violentos Letais e Intencionais) no Brasil, enquanto a taxa de suicídios de policiais civis e militares da ativa cresceu 26,2% no mesmo período no país. Considerando apenas a Polícia Militar, o total nacional de suicídios nas corporações superou, em 2023, a soma dos registros de PMs mortos em confronto em serviço e fora de serviço. Foram 110 registros de suicídios, ante 46 casos de PMs mortos em confronto em serviço e 61 mortos em confronto ou por lesão não natural fora de serviço – 107 óbitos ao todo”, diz o relatório.
Se você tem ou conhece alguém que esteja com pensamentos ou tendências suicidas, procure ajuda: Centro de Valorização da Vida (CVV), funciona 24 horas e pode ser acionado através do telefone 188 (ligação gratuita); CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde); UPA 24H, SAMU 192; Pronto Socorro; Hospitais.