Um jovem tenente da Polícia Militar de São Paulo é transferido repentinamente de seu posto na Rota, a unidade de elite da corporação paulista, para um batalhão da Zona Oeste da capital bem no momento em que se iniciava a chamada Operação Escudo, na Baixada Santista, no segundo semestre de 2023. Após o assassinato de um PM da Rota em Guarujá, no litoral, uma mega ação na Baixada Santista, que durou cinco semanas e foi recheada de tiros de fuzil, um total de 28 pessoas foram mortas. A história passaria despercebida se não fosse por um detalhe.
O oficial em questão é Rafael Mecca Sampaio, filho do deputado estadual bolsonarista Major Mecca (PL), um veterano PM da reserva e influente parlamentar da chamada ‘bancada da bala’ da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O pedido para tirar o filho da Rota, e consequentemente dos ‘confrontos’ perigosos nas favelas da Baixada, teria sido feito diretamente pelo deputado ao secretário de Segurança Pública do estado, o também PM da Rota Guilherme Derrite (PL), que é deputado federal e está licenciado para chefiar a pasta no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). A informação foi revelada pelo jornal Folha de São Paulo nesta quarta-feira (3).
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A Folha reporta que oficiais da PM ouvidos pelo jornal estariam revoltados com a situação. Na versão deles, o pedido do Major Mecca “era para que o filho não se envolvesse em ocorrências com morte, o que poderia prejudicar a carreira dele na PM”. Se foi isso, ou se o pedido foi para tirar o filho da linha de frente por medo de que algo ocorresse com o tenente, não é possível afirmar.
A solicitação do deputado foi encaminhada por Derrite para o então comandante do Policiamento de Choque da PM, coronel José Augusto Coutinho, que retirou Rafael Mecca da Rota (que é o 1° Batalhão de Choque da PM de São Paulo), o alocando no 4° BPM/M, sediado na Vila Leopoldina. Segundo a SSP, a mudança “foi técnica” e não mantém qualquer conexão com o “suposto pedido” do parlamentar da Alesp. Coutinho, o coronel que efetuou a retirada do tenente da mais temida unidade policial paulista, foi meses depois colocado por Derrite como subcomandante-geral da PM de São Paulo.