SÃO PAULO

Nunes aprova lei que corta salário de professor que pegar licença maternidade ou médica

No apagar das luzes de 2024, base do prefeito aprova "pacote de maldades" contra professores da rede municipal de olho na privatização das escolas; licenças de mais de 30 dias podem gerar cortes de até 33%

Créditos: Governo do Estado de São Paulo/Wikimedia Commons
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A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, nesta quarta-feira (18), o Projeto de Lei 826/24, de autoria do prefeito Ricardo Nunes, que introduz mudanças polêmicas na organização e condições de trabalho dos professores da rede municipal.

A medida, aprovada por 28 votos a 16, segue agora para sanção e publicação no Diário Oficial.

Entidades sindicais criticaram duramente o projeto, que não foi discutido com os representantes dos profissionais de educação antes da votação.

"Essa legislação não apenas fragiliza os professores, mas também prejudica o desenvolvimento das escolas e, consequentemente, o aprendizado dos estudantes", afirma Cláudio Fonseca, presidente do SINPEEM (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo).

Entre as alterações apontadas como prejudiciais estão a retirada de direitos trabalhistas, mudanças nos critérios de lotação e readaptação funcional e a suspensão de benefícios financeiros, como a Jornada Especial Integral de Formação (JEIF), para professores em licença médica.

Resumidamente, a prefeitura se autorizou a não pagar mais o valor - que equivale, em média, a 33% do salário do docente, segundo o sindicato - para professores que tenham licença médica ou materndiade acima de 30 dias.

"Imagina uma professora em licença maternidade ou que sofreu acidente de trabalho. Ele vai ser punido duas vezes: uma por ter péssimas condições de trabalho que levaram a um acidente que o afastou das suas funções e ainda vai perder a remuneração", completa.

Entre os principais pontos do projeto está a transferência de decisões importantes, como a atribuição de classes e horários, para a direção das unidades escolares.

Além disso, professores readaptados, em função de limitações físicas ou psíquicas, poderão ser transferidos compulsoriamente entre unidades, com risco de redução salarial.

A diretoria do sindicato anunciou que ingressará com ações judiciais para questionar a constitucionalidade da lei e mobilizará a categoria para protestos no início de 2025.

O projeto foi votado a poucos dias do encerramento do ano letivo, o que, segundo críticos, dificultou uma análise mais aprofundada do impacto das medidas.

Fonseca acredita que a medida da prefeitura sob a desculpa de "melhorar os índices de educação" é ineficaz e acabará prejudicando a parte mais importante do processo pedagógico: o professor.

"O importante é o aluno, mas eles não têm dado atenção para isso nas suas políticas. Se a preocupação é o aluno, por que atacar o professor, que é indispensável para o processo de aprendizagem?", afirma. 

"Ricardo Nunes e a Secretaria de Educação deveriam refletir quais são as ações que eles executaram nos últimos 8 anos - de Bruno para cá, ou de Dória para cá - que resultaram numa queda da qualidade de ensino", completa. 

A Secretaroa da Educação foi contatada pela reportagem, mas ainda não se pronunciou sobre o tema. A matéria será atualizada com o posicionamento da prefeitura caso o contato ocorra.

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