A família da engenheira Patrícia Amieiro, desaparecida em junho de 2008 após ter seu carro atingido por tiros disparados por agentes da Polícia Militar do Rio de Janeiro, se revoltou com a decisão da juíza Alessandra Rocha Lima Roidis, titular da 1ª Vara Criminal do RJ, que marcou um novo júri popular do caso para 24 de julho de 2025.
A própria juíza reconheceu na decisão que a data é “longínqua” e apontou a possibilidade de reavaliá-la. No entanto, o júri está oficialmente marcado para daqui 2 anos e a família da engenheira protesta.
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“Nossa família já espera por justiça há 15 anos, e devemos aguardar ainda mais dois? Pedimos pelo amor de Deus que a juíza reavalie esta data”, declarou Adryano Amieiro, irmão da vítima.
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Relembre o caso
Patrícia foi vista pela última vez em 14 de junho de 2008, quando tinha 24 anos, em uma festa na zona sul do Rio. Após o evento, ela voltava dirigindo para casa, na Barra da Tijuca, zona oeste, quando desapareceu após ter o veículo alvejado por PMs.
As investigações então apontaram que quatro policiais militares se envolveram com o desaparecimento de Patrícia, que nunca teve o corpo encontrado mas foi dada como morta pelos investigadores. A vítima teria perdido o controle do carro após os tiros e bateu em dois postes e uma mureta. O carro foi encontrado na beira do Canal de Marapendi com o porta-malas aberto e os vidros quebrados.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, acredita-se que o corpo de Patrícia foi retirado do veículo pelos policiais e ocultado para atrapalhar as investigações.
Dois dos PMs, Marcos Paulo Nogueira Maranhão e William Luís Nascimento foram condenados a 3 anos de prisão em 2019 por fraude processual. Já Fábio Silveira Santana e Marcos Oliveira, outros dois PMs acusados de envolvimento com o crime, foram absolvidos. Mesmo condenados, Marcos e William obtiveram o direito de recorrer da sentença em liberdade. Já em relação ao crime de tentativa de homicídio, os quatro acabaram absolvidos.
No ano seguinte, em setembro de 2020, uma nova testemunha se apresentou ao MP-RJ. Trata-se de um taxista que guiava seu carro logo atrás de Patrícia e presenciou a cena. O homem teria dito, “com riqueza de detalhes” segundo a família da engenheira, que viu o momento que os policiais retiraram seu corpo do carro.
A defesa dos policiais tentou descreditar o depoimento do taxista, mas o Tribunal de Justiça do RJ o acolheu. Agora, em meio a tantas idas e vindas, o júri está marcado para julho de 2025.
“São 15 anos que estamos lutando. Meu marido faleceu antes de ver justiça. Mas eu e a minha família estamos aqui, continuando a lutar. E vamos ter essa justiça. E vamos conseguir essa vitória pela memória da minha filha e do meu marido”, disse Tânia Amieiro, mãe de Patrícia.