Morreu nesta quinta-feira (10) em hospital de São Luís, no Maranhão, o soldado Carlos Bahia dos Santos, de 31 anos, que havia denunciado colegas da Polícia Militar em junho por homofobia e agressão em episódio que alega ter sido vítima de prisão forjada. Após o episódio, o soldado entrou em depressão e atentou contra a própria vida em 29 de julho. Foi socorrido à tempo e levado ao hospital, onde esteve internado por 13 dias antes de falecer.
O soldado estava no hospital Carlos Macieira, em São Luis, para onde foi transferido de Açailândia, município onde residia e trabalhava. Antes da tentativa de suicídio, ele escreveu que “depressão não é frescura” em mensagem enviada a um superior.
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Em junho, Carlos Bahia denunciou os colegas de batalhão por agressão e homofobia e, mais tarde, em boletim de ocorrência, afirmou que os superiores não deram atenção ao primeiro alerta. De acordo com sua versão, ele havia acabado de sair do banho às 23h30 na noite de 26 de junho quando teve a casa invadida por homens do 26º Batalhão da PM, de Açailândia.
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Os PMs chegaram em uma viatura com a sirene ligada e deram voz de prisão em Carlos por supostamente haver abandonado o serviço. Só de toalha e sem reagir, foi arrastado pelas ruas pelos colegas que diziam que ele tinha “abandonado o posto para encontrar outro macho”.
Carlos alegou à época que deixou o Batalhão pois as instalações já estavam ocupadas por outros PMs e servidores do Ibama. No episódio da agressão, o soldado ainda teve a casa revirada pelos colegas e ficou com hematomas que provariam as agressões.
Após denunciar o ocorrido aos superiores, ele teria ficado sem resposta e à mercê dos colegas, que não teriam parado com a perseguição. Foi quando procurou a Rede de Cidadania de Açailândia. José Carlos de Almeida, da Rede, contou ao Uol que por conta dessa perseguição, Carlos entrou em depressão e pediu afastamento “devido à situação vexatória pela qual passou”.
“Esse crime nos lembra da urgência de combater preconceito e LGBTfobia.Não vamos medir esforços para que os responsáveis por esse crime brutal sejam responsabilizados e devidamente punidos. O estado do Maranhão e a PM são os principais responsáveis por essa morte”, diz José Carlos Almeida.
De acordo com a defesa, Carlos já sofria abusos, perseguições e assédio moral na corporação antes do episódio da prisão. A Rede de Cidadania de Açailândia aponta a possível ocorrência de cinco crimes no episódio: injúria com homofobia, lesão corporal, abuso de poder, tortura e incitação ao suicídio. O Ministério Público do Maranhão investiga o caso.
O governo do Maranhão afirmou em nota que trocou o comando do Batalhão da PM de Açailândia e que o novo comandante irá conduzir as investigações acerca da morte de Carlos Bahia.
Centro de Valorização da Vida
Caso o leitor, ou alguém conhecido, esteja com quadro de depressão e/ou pensando em cometer suicídio, não hesite em procurar ajuda. É possível obter auxílio de gente especializada entrando em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) ou os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), localizados em cada cidade brasileira.
O CVV oferece atendimento 24 horas por dia, 7 dias por semana, incluindo feriados. Basta telefonar para o número 188, enviar um e-mail ou acessar o site do órgão para conversar por chat ou marcar uma conversa presencial.