“GENTE DE BEM”

Pênis na cara: Vítimas de influenciador evangélico detalham abusos à polícia

Victor Bonato era líder do "Galpão", organização religiosa voltada a jovens que criou, e usava sua posição de “líder religioso” para agredir e abusar sexualmente das vítimas

O influenciador evangélico Victor de Paula Gonçalves, mais conhecido como Victor Bonato.Créditos: Reprodução/Redes Sociais
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O influenciador evangélico Victor de Paula Gonçalves, mais conhecido como Victor Bonato e fundador do "Galpão", uma organização religiosa voltada para jovens em Alphaville, na Grande São Paulo, foi preso no final de setembro sob a acusação de estupro contra três mulheres que frequentavam o local. À polícia, as vítimas deram maiores detalhes dos abusos.

As notícias sobre a prisão do líder religioso vieram à tona por meio do site Metrópoles, que teve acesso ao inquérito policial, e foram publicadas neste sábado (7).

Segundo os relatos das vítimas dados em depoimento à Polícia Civil, Bonato se utilizaria da sua condição de superior e líder religioso para abusar das fieis. Ele passava as mãos sobre seus corpos, sem consentimento. Nessas passadas de mão, pegava as mãos as vítimas e as levava ao seu pênis.

Por duas vezes ele teria obrigado as vítimas a lhe fazer sexo oral. Nas ocasiões, as vítimas estariam sentadas em um sofá quando ele chegou com o pênis de fora, batendo o membro no rosto das jovens.

“Quão brava você vai ficar comigo se eu colocar na sua boca?”, teria perguntado antes de consumar o estupro.

Uma outra garota afirma que o influenciador evangélico a ameaçava e exigia seu silêncio. Segundo os depoimentos, durante uma relação sexual abusiva ele teria dito que faria “o que quisesse” com a vítima. “Victor ficou extremamente agressivo, começando a agredi-la fisicamente, desferindo tapas muito fortes em seu rosto, dizendo coisas como: ‘Isso é por você não ter me dado aquela vez’”, diz um trecho do depoimento tomado pela polícia.

A Polícia Civil vê “fortes indícios da prática de crimes contra a dignidade sexual ocorridos no seio de uma comunidade religiosa”. A agressividade de Bonato e a submissão que facilmente conseguia das vítimas contribuem com a avaliação dos investigadores. O influenciador deve ficar preso enquanto as investigações são concluídas e provavelmente seguirá preso enquanto responde ao processo na Justiça referente ao caso.

Prisão de Victor Bonato

A Polícia Civil de São Paulo e o Ministério Público solicitaram a prisão de Bonato devido ao risco de fuga do influenciador. As três vítimas, duas estudantes de 19 e 20 anos e uma empresária de 25, denunciaram o líder religioso à Delegacia da Mulher de Barueri, onde prestaram depoimentos alegando que ele usava de sua influência religiosa para abusar sexualmente delas. Bonato nega veementemente as acusações.

O inquérito policial aponta que os estupros teriam ocorrido entre janeiro e setembro deste ano, em diferentes locais, inclusive na residência do fundador do "Galpão".

O juiz Fabio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri, aceitou a denúncia do Ministério Público e determinou a prisão do líder evangélico. Ele detalhou as denúncias das vítimas em sua decisão, afirmando que Bonato empregava violência para cometer os estupros, obrigando as mulheres a praticar sexo oral nele.

Todas as três vítimas relataram terem sido persuadidas a aceitar atos libidinosos ou conjunção carnal, influenciadas pela autoridade religiosa de Bonato como um dos líderes do grupo e também pela sua agressividade, escreveu Nascimento em sua decisão.

“Cometi alguns pecados”

Em 19 de setembro, poucos dias antes da decretação de sua prisão, Victor Bonato divulgou um vídeo em seu Instagram no qual admitiu ter cometido "alguns pecados".

"Eu cometi alguns pecados, eu caí em imoralidade, iniquidade, eu fui contrário a tudo que eu prego", disse.

Em nota, a advogada Samara Batista Santos, que representa Bonato, afirmou que o influenciador nega veementemente as alegações contra ele. A defensora também informou que o investigado emitiu um pedido de perdão nas redes sociais por seu comportamento considerado pecaminoso, sem estar ciente das acusações judiciais em processo de investigação pelas autoridades competentes.

Ataques a Lula

Nas redes sociais, Victor Bonato costumava fazer publicações não apenas de cunho religioso, mas também de caráter político, incluindo ataques à esquerda. Em uma dessas publicações, por exemplo, ele chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "bandido" e criticou as pessoas que votaram no petista.