O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor de Ainda Estou Aqui - que deu origem ao filme que concorre ao Oscar - respondeu com trechos de uma composição de Roberto e Erasmo Carlos à agressão sofrida durante o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, neste domingo (23).
Momentos antes do bloco sair pelas ruas da capital paulista, um homem jogou uma lata de cerveja e uma mochila na direção de Marcelo, que é cadeirante e tem 65 anos. O escritor é filho de Rubens Paiva, deputado que foi assassinado pela Ditadura Militar e cuja história retratou no livro, que se transformou no premiado filme.
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"Eu cheguei de muito longe/ E a viagem foi tão longa / E na minha caminhada / Obstáculos na estrada / Mas enfim aqui estou", escreveu Marcelo em foto do desfile, ao lado de Alessandra Negrini, rainha do bloco.
Doi-Codi
Após o ataque a Marcelo, cerca de 100 jovens se reuniram por volta das 7h desta segunda-feira (24) para um protesto em frente à casa de José Antônio Belham, ex-general reformado do exército, líder do DOI-CODI na ditadura e envolvido na tortura, desaparecimento e morte de Rubens Paiva.
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“Estamos aqui hoje, como estivemos em 2012, para denunciar não apenas os crimes cometidos durante a ditadura militar, mas também a impunidade de torturadores e assassinos. Reivindicar o passado é essencial para que a história não seja esquecida nem se repita. Seguimos exigindo justiça por Rubens Paiva, em nome de todos os familiares e vítimas dos crimes da ditadura, para que a Lei da Anistia não se aplique a crimes contra a humanidade, como tortura, assassinato e desaparecimento. Além disso, defendemos que aqueles que atentam contra a democracia e que cometeram tais crimes devem ser expulsos das forças armadas do Brasil e desligados da administração pública” , afirmou Daiane Araújo, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), que participava da manifestação.
Organizador do ato, o Levante Popular da Juventude esteve nesse mesmo endereço em maio de 2012, exigindo a instalação da Comissão Nacional da Verdade.
Dessa vez, o movimento reivindica justiça para Rubens Paiva e que a Lei da Anistia (Lei 6.683/1979) não se aplique a crimes como assassinatos, torturas e ocultação de cadáver.
A principal mensagem dos jovens foi: Ainda estamos aqui! Além da denúncia, é reivindicado a responsabilização e a devida punição do ex-general pelos crimes cometidos durante a ditadura militar brasileira.