O escritor Marcelo Rubens Paiva foi alvo de uma agressão durante o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, no centro de São Paulo, neste domingo (23). Um homem arremessou uma lata e uma mochila contra o autor, que participava de uma homenagem ao filme "Ainda Estou Aqui", que compete por três estatuetas do Oscar neste momento.
Por pouco, Marcelo não sofreu ferimentos graves. O agressor estava do lado de fora da corda de segurança do bloco. “O cara jogou uma mochila na cara, não entendi o que aconteceu. Já é meu 16º desfile e nunca fui atacado. Coisa estranha, e não entendi o porquê. Jogar uma mochila na cara de um cadeirante, porta-bandeira que quer se divertir, que faz isso há 16 anos, não entendi esse grau de violência. O Brasil está difícil e ele não deve ter visto o filme”, afirmou o escritor ao g1.
Parlamentares prestaram solidariedade ao escritor, filho órfão de um pai morto pela ditadura militar e autor de livros sobre a política e história brasileira, além da obra que deu origem ao filme “Ainda Estou Aqui”. Marcelo também é tetraplégico desde os 20 anos.
“A extrema direita semeia ódio e destruição por onde passa. Desrespeitar e agredir uma voz como a de Marcelo Rubens Paiva é inaceitável e um ataque contra todos que lutam por democracia”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).
A deputada federal Jandira Feghali (Psol-RJ) também se manifestou nas redes sociais. “A agressão covarde sofrida por Marcelo Rubens Paiva em um bloco que celebrava sua história escancara o ódio daqueles que não toleram a alegria e a diversidade”, escreveu.
Paulo Pimenta (PT) prestou apoio ao escritor e ressaltou que “atacar um símbolo da cultura, da memória e da resistência democrática é um ato covarde que não pode ser normalizado”.
“Toda solidariedade a Marcelo Rubens Paiva. Inconcebível a agressão que sofreu”, afirmou o deputado federal Glauber Braga (Psol).
"Intolerância!", declarou o deputado Ivan Valente (PSol-SP). "Quero expressar minha solidariedade a Marcelo Rubens Paiva, agredido de forma covarde no desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, que fez homenagem ao filme Ainda Estou Aqui, que retrata o assassinato de seu pai, Rubens Paiva, pela ditadura militar e a resistência de sua mãe, Eunice, brilhantemente interpretada por Fernanda Torres. Um homem jogou uma mochila em direção ao escritor, que felizmente não se feriu. Isso é um verdadeiro absurdo!", enfatizou.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) destacou que a agressão a Marcelo é efeito do ódio alimentado pela extrema direita nas redes sociais. “O episódio de agressão retrata a personalidade perversa que infelizmente virou padrão na extrema direita. Não existe diálogo, não existe respeito. É constantemente ódio, em sua forma mais bruta.”
O Ministério da Cultura (MinC) também expressou solidariedade ao escritor e soltou uma nota condenando o ocorrido. "O autor de, entre outras importantes obras, 'Ainda Estou Aqui' – livro que inspirou filme homônimo, indicado a três categorias do Oscar – foi alvo de um ataque covarde na tarde deste domingo (23), durante o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, na região central de São Paulo", inicia o comunicado.
Em outro trecho, o órgão ressalta a gravidade do ocorrido: "Além de injustificada, a agressão se deu em meio aos já tradicionais festejos de blocos carnavalescos – comemoração que ganha cada vez mais força em todo país, sobretudo na capital paulista. O objetivo do carnaval é a diversão, o respeito mútuo e a ocupação da cidade de forma gratuita e acessível".
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também se manifestou sobre o episódio: “É triste receber a notícia que Marcelo, usando uma máscara da atriz Fernanda Torres, e durante os vários motivos que temos para comemorar sua vida, resistência e obra, tenha sido alvo dessa situação. Nós, do Ministério da Cultura, repudiamos todo e qualquer ato de violência e nos solidarizamos com esse grande nome da nossa história e cultura”, declarou a ministra.