A Justiça manteve a prisão preventiva do policial federal Wladimir Matos Soares, suspeito de envolvimento em um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi confirmada após manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que destacou o risco à ordem pública e a gravidade dos crimes imputados ao agente. O parecer do Ministério Público Federal (MPF) enfatizou que a liberdade de Matos Soares poderia comprometer as investigações em curso e possibilitar sua rearticulação com demais envolvidos.
Decisão judicial e manifestação da PGR
De acordo com documentos do MPF, não foram apresentados novos elementos que justificassem a revisão da prisão. A defesa de Matos Soares argumentou que ele não representa risco e que sua saúde estaria comprometida. No entanto, a Justiça entendeu que a manutenção da custódia é necessária devido ao papel decisivo do policial na estrutura criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado. As autoridades consideram que sua soltura poderia interferir diretamente no curso das investigações, incluindo coação de testemunhas.
Te podría interesar
A PGR reforçou, em sua manifestação, que a prisão preventiva de Matos Soares está amparada em elementos concretos que demonstram sua participação no planejamento e execução de ações voltadas à desestabilização institucional. Segundo o órgão, ele teria fornecido informações sigilosas sobre a rotina de segurança presidencial, além de estabelecer contatos com outros envolvidos no esquema golpista.
Matos Soares, de 53 anos, é agente da Polícia Federal há 22 anos e já atuou no setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Em novembro de 2024, foi preso após ser identificado em investigações como um dos envolvidos no plano para atentar contra a vida de Lula. Segundo os investigadores, ele teria se infiltrado na segurança do presidente eleito para repassar informações sigilosas a grupos golpistas. Conversas interceptadas indicam que ele forneceu detalhes estratégicos sobre a rotina de segurança presidencial e se colocou à disposição para atuar diretamente no plano criminoso.
Te podría interesar
Além do caso atual, Matos Soares possui um histórico controverso. Em 2005, respondeu a um processo por homicídio de um policial militar durante uma operação da PF no Rio de Janeiro, sendo posteriormente absolvido sob a alegação de legítima defesa. Na ocasião, ele e outros agentes alegaram que foram recebidos a tiros pelo PM ao cumprir um mandado de prisão. Apesar da absolvição, o episódio gerou polêmica nos bastidores da corporação e levantou questionamentos sobre sua conduta operacional.
Estado de saúde e recomendação da PGR
Apesar dos argumentos da defesa sobre a condição de saúde do policial, a PGR entendeu que isso não justifica sua soltura. O órgão recomendou que Matos Soares receba tratamento médico em unidade hospitalar fora do presídio, mas sob custódia do Estado. O parecer reforça que, mesmo havendo necessidade de atendimento especializado, não há impedimento para que o policial permaneça detido. Caso necessário, ele poderá ser transferido para um hospital particular, desde que arque com os custos do tratamento.
Novas denúncias e possível envolvimento de Bolsonaro
Paralelamente, documentos e materiais recolhidos pela Polícia Federal apontam que a PGR deve encaminhar a primeira denúncia contra o núcleo acusado de planejar o golpe de Estado. A expectativa é que o material inclua novas provas que possam embasar futuras ações penais contra os envolvidos. As investigações já indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser formalmente denunciado, com uma possível pena de até 28 anos de prisão, caso seja condenado pelos crimes investigados.
Impacto da decisão
A decisão reforça a linha dura adotada pelo Judiciário contra envolvidos em atos antidemocráticos e crimes contra a segurança institucional. O caso segue em andamento, e a defesa ainda pode recorrer da decisão. Especialistas avaliam que a manutenção da prisão preventiva sinaliza um endurecimento no tratamento judicial de envolvidos em ameaças contra a democracia, especialmente após os episódios de tentativa de golpe de Estado e ataques às instituições. O julgamento do caso pode estabelecer um precedente importante para futuras investigações e processos relacionados a crimes políticos e terrorismo interno.