Faltando poucos dias para o evento que marcará dois anos dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, membros de movimentos sociais consultados pela coluna relataram insatisfação com a falta de articulação do governo federal. Apesar de os movimentos já terem confirmado a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu ato, fontes do Planalto indicam que essa decisão ainda não foi completamente definida internamente e tampouco alinhada com os movimentos. As últimas reuniões ocorridas na semana passada terminaram sem uma definição sobre esse ponto central.
Os movimentos sociais têm adotado a estratégia de divulgar a presença de Lula como forma de pressionar o governo a se posicionar oficialmente, mas essa tática expôs a falta de articulação entre as partes. "O governo está tratando da parte institucional desde dezembro, mas não houve um diálogo consolidado com os movimentos sociais", afirmou uma das fontes ouvidas.
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Enquanto isso, o governo tem concentrado esforços no diálogo com parlamentares, autoridades e instituições, deixando de lado uma articulação mais ampla com a base popular. Essa postura gerou críticas entre os movimentos, que consideram que a Secretaria de Governo deveria ter desempenhado um papel mais ativo para construir um alinhamento entre as partes. "Faltou combinar lá atrás", afirmou uma fonte próxima às discussões.
A situação também expôs divergências entre os atos convocados pelos movimentos sociais e o que vinha sendo planejado pelo governo. “O PT já está convocando para o ato na praça, que é diferente do ato que o governo estava preparando. Há necessidade de alinhamento para evitar uma fragmentação das mobilizações”, apontou uma das fontes.
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Outro ponto de insatisfação levantado é a falta de uma estratégia clara sobre a integração da sociedade civil no evento. Enquanto os esforços institucionais avançaram desde o ano passado, os movimentos populares continuam sem uma definição concreta sobre como participar de forma coordenada. “O presidente quer a participação dos movimentos, mas não aconteceu a articulação prévia necessária para isso”, explicou um dos interlocutores.
A indefinição sobre a presença de Lula no ato organizado pelos movimentos sociais reflete um descompasso mais amplo na condução do evento. Segundo as fontes, o Planalto ainda debate internamente qual será o papel do presidente no dia 8 de janeiro, sem ter alinhado essa decisão com os movimentos que já divulgaram sua participação.
Com a proximidade da data, cresce a pressão sobre o governo para apresentar uma posição clara e unificar as ações institucionais e populares. A falta de conclusão na reunião mais recente acendeu alertas entre os movimentos sociais, que veem o risco de o evento ser marcado pela falta de coordenação e descompasso, prejudicando a narrativa de unidade e defesa da democracia que o ato busca transmitir.