JORNAL NACIONAL

Voepass: FAB desmente Jornal Nacional e diz que imprensa não teve acesso às caixas-pretas

Jornal da TV Globo divulgou relato de conversa do copiloto sobre “dar potência” à aeronave, além de gritos e uma explosão

A caixa-preta da aeronave da Voepass.Créditos: Divulgação / Cenipa
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A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), soltou nota na noite desta quarta-feira (14), em que desmente reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo. Na matéria que foi ao ar na mesma noite, foram divulgados supostos trechos do conteúdo do gravador de voz da cabine do avião ATR-72, da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9).

Segundo o CENIPA, “nenhum veículo de imprensa teve acesso aos áudios, transcrições, tampouco aos dados dos gravadores de voo, popularmente conhecidos como caixas-pretas (Cockpit Voice Recorder e Flight Data Recorder) da aeronave de matrícula PS-VPB, envolvida no acidente aeronáutico em Vinhedo (SP), na última sexta-feira (09/08)”.

“O CENIPA destaca, ainda, que segue estritamente os protocolos específicos estabelecidos pela Lei nº 7.565/1986 (Código Brasileiro de Aeronáutica - CBA), pelo Decreto nº 9.540/2018 e pelo Anexo 13 à Convenção sobre Aviação Civil Internacional, de 1944”, prossegue a nota.

E encerra:

“Por fim, a FAB reitera seu compromisso com a transparência e a seriedade na condução das investigações, bem como pelo respeito à dor dos familiares das vítimas envolvidas no acidente.”

A reportagem do JN

Segundo a reportagem do JN, que afirma ter obtido trecho da caixa-preta, entre as revelações, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva percebeu que a aeronave estava perdendo altitude. Ele então perguntou ao piloto o que estava acontecendo e sugeriu que deveriam “dar potência” no avião. A ideia era tentar estabilizar a aeronave e evitar uma queda.

Mais ou menos um minuto depois, o avião já estaria se chocando com o solo. No meio tempo, foi possível ouvir os gritos dos passageiros.

Esse modelo de avião tem as hélices muito próximas da cabine de comando, o que dificulta o entendimento das gravações devido aos altos ruídos. Nesse contexto, o Cenipa não identificou sons que pudessem indicar alarmes de incêndio, pane mecânica ou falha elétrica.

O acidente

O voo saía de Cascavel (PR) com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) quando, a cerca de 100 km do destino, caiu sobre a cidade de Vinhedo, em área próxima a residências. O voo levava 58 passageiros e 4 tripulantes. Ninguém sobreviveu.

A principal teoria dos investigadores é que pode ter ocorrido formação de gelo nas asas do avião, o que teria causado sua instabilidade.

Além do Cenipa, representando as autoridades brasileiras, as investigações também contam com engenheiros da ATR, a empresa francesa que fabricou a aeronave, e da Pratt & Whitney, a empresa canadense que fabricou o motor. Os órgãos responsáveis pela aviação dos dois países também colaboram, conforme preveem acordos de cooperação internacional. A causa e as circunstâncias do acidente ainda são um mistério.