O recente escândalo envolvendo o pastor Manoel Pereira Xavier, de 51 anos, acusado de traição, tem gerado um clima de tensão e desconfiança entre os fiéis da Assembleia de Deus de Brasília (Adeb). A situação culminou na renúncia do pastor e na nomeação de dois novos líderes para ocupar os cargos de vice-presidente e coordenador do Setor 2 da igreja. Por conta do caso que explodiu nas redes sociais, Manoel ficou conhecido como “pastor talarico”.
A revelação do caso, onde o pastor teria se envolvido com a esposa de um membro da congregação e foi pego no flagra com a amante saindo de um motel em Ceilândia, abalou profundamente a comunidade. Fundada em 1959, a Adeb é uma das igrejas evangélicas mais tradicionais do Distrito Federal, com mais de 450 congregações espalhadas pela região e um templo sede em Taguatinga, capaz de comportar até 2.200 pessoas.
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De acordo com membros da igreja, as lideranças da Adeb, incluindo o presidente Orcival Pereira Xavier, irmão de Manoel, tentaram minimizar o impacto do escândalo. Essa tentativa de proteção familiar tem gerado descontentamento entre os fiéis, que veem nas recentes mudanças uma estratégia para manter o controle da família sobre a instituição.
Durante uma reunião, ficou decidido que o pastor Ademar de Sena Sampaio, que atuava como 1º tesoureiro da Adeb, assumirá a vice-presidência. O pastor Daniel Pereira Xavier, outro irmão de Manoel e Orcival, será o novo coordenador do Setor 2 da igreja.
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"Inicialmente, o pastor Daniel chegou a afirmar que era ele quem estava no carro flagrado no motel, numa tentativa de proteger Manoel. Mas como ele faz parte da família, nada realmente aconteceu com ele. Parece que o objetivo é manter o controle familiar sobre a igreja e abafar o escândalo", afirmou uma fiel que preferiu não se identificar.
A escolha dos novos líderes está sendo amplamente questionada pelos frequentadores, que consideram a decisão tendenciosa. O administrador do perfil Adeb Notícias, que expôs o caso, também criticou a nomeação, sugerindo que a Adeb está se tornando um "reduto familiar".
A situação continua a gerar debates e questionamentos entre os membros da Adeb, que esperam por uma resolução justa e transparente para a crise que abala a comunidade religiosa.
Líderes religiosos e escândalos sexuais
É cada vez mais público o número de escândalos sexuais envolvendo líderes religiosos. O empoderamento feminino que faz com que mulheres tenham coragem de denunciar os abusos e assédios sofridos ou mesmo a perda de medo dos membros das igrejas em exporem seus líderes que têm esse tipo de comportamento, nos dá a impressão de que vivemos um novo tempo, onde aqueles que usam do seu “poder religioso” para dar vazão à suas taras e desejos, não terão mais tanta facilidade em conseguir seus intentos.
A produtora executiva Beatriz Pimentel, uma das produtoras da série "Em nome de Deus" (Globoplay) que fala sobre o caso do líder espiritual João de Deus, falou à Fórum sobre esse novo momento: “Lugares de poder são sempre criadores de um certo fascínio. Quando falamos de lideranças religiosas, messiânicas, esse combo se torna perigosamente mais forte: o ‘escolhido’ de Deus não pode ser questionado ou estar sob suspeita. E é por esta fresta social que se criam os escândalos que envolvem essas lideranças religiosas criminosas. Felizmente, cada mulher que se propõe a denunciar encoraja outras tantas e é somente pela força dessas mulheres que hoje João ‘de Deus’ é um condenado da justiça brasileira".