Um major da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) ficou em estado gravíssimo e entrou em coma após ser espancado e torturado por colegas em um curso batizado de "Momento Pedagógico" durante treinamento para fazer parte do Batalhão de Operações Especiais, o Bope.
O caso aconteceu em outubro de 2021 e foi revelado nesta segunda-feira (13) em reportagem de Thalys Alcântara, no portal Metrópoles.
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Após investigação sigilosa, o Ministério Público de Goiás (MPGO) e a Corregedoria da PM-GO ofereceu denúncia contra sete PMs que participaram dos crimes de tortura e tentativa de homicídio.
Segundo a corregedoria da PM, o major, que não teve o nome divulgado, foi torturado com varadas, pedaços de madeira e açoite durante três dias seguidos durante o curso na Base Aérea de Anápolis.
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Após a sessão de tortura, ele desmaiou e foi levado ao Hospital de Urgências de Anápolis (Huana) em coma profundo, com lesão neurológica grave e com quadro de rabdomiólise, uma ruptura do tecido muscular que libera uma proteína no sangue e danifica os rins.
Sem avisar a família, os PMs responsáveis pelo curso transferiram o major para o Hospital Santa Mônica, na cidade de Aparecida de Goiânia, a 1 hora de distância.
No local, ele foi atendido pelo coronel David de Araújo Almeida Filho, um dos responsáveis pelo curso, que emitiu um falso diagnóstico de Covid-19, que teria causado a internação após o militar ter 40% do pulão comprometido.
Segundo a reportagem, o major recebeu alto no dia 27 de outubro, mas voltou a ser internado por infecção no catéter.
Atualmente, ele ainda apresenta sequelas com perda parcial dos movimentos e 30% dos rins comprometidos.
“Emocionalmente, a vítima nunca mais foi a mesma, especialmente devido ao sentimento de impunidade em relação aos responsáveis pelo ato e por ter sido ‘desprezado’ por seus companheiros de farda”, diz a denúncia do MP-GO.
Ainda de acordo com o jornalista, o major foi promovido a tenente-coronel e recebeu um diploma do curso do Bope.
Os sete agressores denunciados seguem trabalhando normalmente. Três deles receberam como punição 12 horas de prestação de serviços, mas seguem na ativa.
Segundo a reportagem, o coronel Joneval Gomes de Carvalho Júnior; o tenente-coronel Marcelo Duarte Veloso; e o coronel David de Araújo Almeida Filho foram indiciados por tentativa de homicídio e tortura.
Coordenador do curso, o capitão Jonatan Magalhães Missel responde por tortura direta e tentativa de homicídio.
O cabo Leonardo de Oliveira Cerqueira e os sargentos Erivelton Pereira da Mata e Rogério Victor Pinto foram indiciados por tortura.