Essa é a história da maior chacina política do Brasil nos últimos anos. Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público de Goiás, sete pessoas, além de Fábio Escobar, foram assassinadas por policiais militares em queima de arquivo para esconder a motivação do crime que ceifou a vida de um ex-aliado do governador Ronaldo Caiado (União), que decidiu abrir a ‘caixa preta’ da campanha eleitoral de 2018.
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O que mais impressiona no caso é a frieza dos policiais militares e dos mandantes, pois entre as vítimas está uma jovem grávida de 7 meses que não tinha nada haver com a história. São réus no caso: 10 policiais militares, o ex-presidente do DEM (União) de Anápolis e afilhado do governador, Carlos Toledo (vulgo Cacai), e o primo de Ronaldo Caiado, Jorge Caiado.
O começo do fim
Em 2020 Fábio Escobar procurou o site Goiás24horas para revelar segredos de Caixa 2 e corrupção tanto na campanha eleitoral de Ronaldo Caiado, como também no governo. Foram 20 minutos de entrevista gravada em vídeo.
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Fábio disse que foi traído, contou que houve recebimento de dinheiro ilegal na campanha eleitoral e que o presidente do DEM de Anápolis, Carlos Toledo, chefiava o esquema de Caixa 2 em Anápolis (GO), cidade natal de Ronaldo Caiado. Ele revelou que após gravar vídeos sobre o caso na internet, tentaram comprar o silêncio dele com uma mala de dinheiro, entregue por intermediários do grupo político e empresários amigos do governador. Ele, por sua vez, recusou a proposta e subiu o tom das denúncias. Essa foi a sua sentença de morte.
Na entrevista ao Goiás24horas, Fábio Escobar disse que estava sendo ameaçado por policiais da Casa Militar do governo de Goiás. Relatou que tentaram criar falsa ‘ficha criminal’ dentro do sistema da Secretaria de Segurança Pública, atribuindo a ele tráfico de drogas e receptação de carros roubados.
Antes do crime, Cacai Toledo distribuiu este documento para várias pessoas, entre elas está a filha do governador, a advogada Anna Vitória Caiado. Quem também recebeu a ficha foi Jorge Caiado, primo do governador, que aliás, teria entregue essa mesma ficha para o Coronel Benito Franco, que em depoimento disse ter sido confundido por eles com um ‘empreiteiro de morte’.
Outro coronel da PM goiana acusa a família Caiado de participação no crime, o nome dele é, Newton Nery Castilho, que foi procurado por Jorge Caiado e Cacai Toledo quando era Secretário da Casa Militar para matar Escobar. Em depoimento ao Ministério Público de Goiás, ele disse que a primeira-dama Gracinha Caiado tratou do caso Fábio Escobar com Jorge Caiado, que teria levado para a reunião alguns documentos, supostamente a mesma ficha falsa de crimes.
Emboscada
No dia 23 de junho de 2021 Fábio Escobar, de 38 anos de idade, foi brutalmente assassinado com três tiros a queima-roupa no setor Jamil Miguel em Anápolis (GO). Os policias que o mataram fingiram ser donos de um imóvel que ele poderia comprar por um bom preço para montar uma lavanderia de hospitais, ramo em que atuava como representante comercial. O local escolhido era perfeito, não tinha câmeras de segurança.
No dia 16 e novembro de 2023 a justiça decretou a prisão preventiva de Carlos Cesar Toledo, o Cacai. Ele ficou foragido durante 7 meses e acabou capturado em um esconderijo no Distrito Federal.
Jorge Caiado, primo do governador, está em liberdade mas também é réu no processo, que é julgado por um colegiado de juízes. Três coronéis da Polícia Militar testemunharam contra a família Caiado, narrando como foram procurados por Jorge e Cacai para ‘aniquilarem’ Fábio Escobar.
Na segunda parte da reportagem vamos mostrar quem era Bruna Vitória, a grávida que perdeu a vida com o filho em queima de arquivo orquestrada pelas policias assassinos que mataram Escobar.