RACHA NO SIONISMO

Lobby sionista rifa Bolsonaro e abraça Tarcísio e Caiado: "futuro presidente está nessa sala"

Ex-presidente e o filho, Eduardo Bolsonaro, não foram convidados para jantar. Ex-Secom, Fabio Wajngarten disputa liderança da Conib com Cláudio Lottenberg, que corteja Kassab na articulação da terceira via com Tarcísio para 2026

Ronaldo Caiado abraça Tarcísio de Freitas, que conversa com Lottenberg no jantar da Conib.Créditos: Celso Silva Governo do Estado SP / Instagram
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Principal representante do lobby sionista no país, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) rifou Jair Bolsonaro (PL) do jantar realizado no Clube Hebraica, na capital paulista no sábado (23) em meio à sua 55ª Convenção Anual, e abraçou os governadores Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, colocados como possíveis candidatos anti-Lula em 2026.

Além de Bolsonaro, a Conib deixou de fora da lista o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-Secom, Fabio Wajngarten, que faz a ponte do ex-presidente com o lobby sionista desde a campanha eleitoral de 2018.

Em declaração no jantar, o presidente da Conib - que se diz apartidária - Cláudio Lottenberg ignorou Bolsonaro, mas fez questão de dizer que não convidou Lula, considerado persona non grata pelo governo Benjamin Netanyahu por ser uma das principais vozes no mundo contra o genocídio sionista contra o povo palestino em Gaza.

Se referindo ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, Lottenberg aproveitou a deixa para bajular e abraçar possíveis candidaturas de Tarcísio e Caiado - além de Cláudio Castro (PL), do Rio, também presente.

"Perguntaram, Gilberto [Kassab], se eu havia convidado o presidente para estar presente [no jantar]. Quando vejo aqui o governador Claudio [Castro], o governador Tarcísio [de Freitas], o governador [Ronaldo] Caiado, esses governadores que nos telefonam, nos prestigiam. Posso dizer o seguinte: eu não convidei o atual presidente, mas o futuro presidente do Brasil está nessa sala", disparou o líder do lobby sionista.

Além dos governadores, estiveram no jantar o embaixador de Israel, Daniel Zonshine, a deputada Carla Zambelli (PL-SP), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça.

Ex-Advogado-Geral da União e substituto de Sergio Moro (União) no Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro, Mendonça foi o único ministro do STF a participar da viagem de autoridades a Israel financiada pela Conib e organizada pela StandWithUs, uma ONG sionista sediada nos EUA, com o objetivo de cooptar apoio ao genocídio perpetrado em Gaza.

Por críticas ao regime sionista em Israel, o jornalista Breno Altman, que é judeu e fundador do site Ópera Mundi, vem sendo perseguido pela Conib, que chegou a pedir a prisão dele por denunciar o genocídio.

Racha

Após o fim do governo Bolsonaro, o lobby sionista no Brasil sofreu um racha, que resultou no escanteamento de Jair Bolsonaro do jantar no último sábado.

Lottenberg, que já foi presidente do Hospital Albert Einstein e comanda a United Health no Brasil, foi criticado por uma ala de sionistas da Conib alinhadas a Wajngarten, que entrou numa disputa direta pelo poder na entidade.

Wajngarten conta com o apoio do empresário bolsonarista Meyer Nigri, fundador da Tecnisa. Os dois têm articulado encontros de Bolsonaro com sionistas críticos a Lottenberg, que é médico e se afastou do bolsonarismo desde à época em que o ex-presidente estava no Planalto.

Próximo ao ex-governador João Doria, que voltou ao lobismo por meio da Lead, Lottenberg articula com Kassab a aproximação de Tarcísio Gomes de Freitas, ao mesmo tempo em que é cortejado por Ronaldo Caiado, que tem relação histórica com os sionistas no país.

O racha expõe uma disputa interna no lobby sionista com Lottenberg articulando com Kassab, Centrão e uma parcela da mídia liberal - em especial a Globo - a candidatura de Tarcísio como uma "terceira via", mais limpinha.

Por outro lado, Wajngarten e Nigri buscam fidelizar cerca de 70% do lobby - estimado pelo empresário da Tecnisa - que já esteve ao lado de Bolsonaro.

O jantar do último sábado mostra que Lottenberg tem vencido a queda de braço dentro do lobby sionista.

Veja fotos (crédito Celso Silva / Governo de SP)