Principal representante do lobby sionista no país, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) rifou Jair Bolsonaro (PL) do jantar realizado no Clube Hebraica, na capital paulista no sábado (23) em meio à sua 55ª Convenção Anual, e abraçou os governadores Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, colocados como possíveis candidatos anti-Lula em 2026.
Além de Bolsonaro, a Conib deixou de fora da lista o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-Secom, Fabio Wajngarten, que faz a ponte do ex-presidente com o lobby sionista desde a campanha eleitoral de 2018.
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Em declaração no jantar, o presidente da Conib - que se diz apartidária - Cláudio Lottenberg ignorou Bolsonaro, mas fez questão de dizer que não convidou Lula, considerado persona non grata pelo governo Benjamin Netanyahu por ser uma das principais vozes no mundo contra o genocídio sionista contra o povo palestino em Gaza.
Se referindo ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, Lottenberg aproveitou a deixa para bajular e abraçar possíveis candidaturas de Tarcísio e Caiado - além de Cláudio Castro (PL), do Rio, também presente.
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"Perguntaram, Gilberto [Kassab], se eu havia convidado o presidente para estar presente [no jantar]. Quando vejo aqui o governador Claudio [Castro], o governador Tarcísio [de Freitas], o governador [Ronaldo] Caiado, esses governadores que nos telefonam, nos prestigiam. Posso dizer o seguinte: eu não convidei o atual presidente, mas o futuro presidente do Brasil está nessa sala", disparou o líder do lobby sionista.
Além dos governadores, estiveram no jantar o embaixador de Israel, Daniel Zonshine, a deputada Carla Zambelli (PL-SP), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça.
Ex-Advogado-Geral da União e substituto de Sergio Moro (União) no Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro, Mendonça foi o único ministro do STF a participar da viagem de autoridades a Israel financiada pela Conib e organizada pela StandWithUs, uma ONG sionista sediada nos EUA, com o objetivo de cooptar apoio ao genocídio perpetrado em Gaza.
Por críticas ao regime sionista em Israel, o jornalista Breno Altman, que é judeu e fundador do site Ópera Mundi, vem sendo perseguido pela Conib, que chegou a pedir a prisão dele por denunciar o genocídio.
Racha
Após o fim do governo Bolsonaro, o lobby sionista no Brasil sofreu um racha, que resultou no escanteamento de Jair Bolsonaro do jantar no último sábado.
Lottenberg, que já foi presidente do Hospital Albert Einstein e comanda a United Health no Brasil, foi criticado por uma ala de sionistas da Conib alinhadas a Wajngarten, que entrou numa disputa direta pelo poder na entidade.
Wajngarten conta com o apoio do empresário bolsonarista Meyer Nigri, fundador da Tecnisa. Os dois têm articulado encontros de Bolsonaro com sionistas críticos a Lottenberg, que é médico e se afastou do bolsonarismo desde à época em que o ex-presidente estava no Planalto.
Próximo ao ex-governador João Doria, que voltou ao lobismo por meio da Lead, Lottenberg articula com Kassab a aproximação de Tarcísio Gomes de Freitas, ao mesmo tempo em que é cortejado por Ronaldo Caiado, que tem relação histórica com os sionistas no país.
O racha expõe uma disputa interna no lobby sionista com Lottenberg articulando com Kassab, Centrão e uma parcela da mídia liberal - em especial a Globo - a candidatura de Tarcísio como uma "terceira via", mais limpinha.
Por outro lado, Wajngarten e Nigri buscam fidelizar cerca de 70% do lobby - estimado pelo empresário da Tecnisa - que já esteve ao lado de Bolsonaro.
O jantar do último sábado mostra que Lottenberg tem vencido a queda de braço dentro do lobby sionista.
Veja fotos (crédito Celso Silva / Governo de SP)