Milhares de moradores da cidade de São Paulo enfrentam novo apagão depois de um temporal atingir o estado a partir da tarde de segunda-feira (8). Há registros de pessoas sem energia elétrica há mais de 17 horas na capital paulista, serviço de responsabilidade da Enel.
As rajadas de vento superaram velocidades de 76 km/h, conforme informações da Enel, companhia designada para a distribuição de energia na região metropolitana de São Paulo. "Essas chuvas provocaram quedas de árvores, galhos e outros objetos sobre a rede elétrica e causaram interrupção no fornecimento de energia para alguns clientes", explicou a concessionária.
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O Corpo de Bombeiros anunciou que foram registradas 200 ocorrências de quedas de árvores no município de São Paulo e na região metropolitana durante as fortes chuvas. Segundo a corporação, foram 187 chamados para estas ocorrências entre 12h20 e 16h41.
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Os casos se concentraram nos bairros da Zona Sul da cidade, como Moema, Itaim Bibi, Bela Vista, Jardim Paulista, Vila Mariana e Pinheiros. A falta de energia também foi relatada em Santana, na Zona Norte da capital.
Conforme dados da Defesa Civil do estado, a chuva teve um acumulado de 62mm. A entidade notou dois casos de queda de árvore sobre fios de alta tensão, que caíram sobre veículos com pessoas dentro. Segundo os bombeiros, as ocorrências não tiveram feridos.
De acordo com a concessionária, até a manhã desta terça-feira (9), a energia elétrica havia sido restabelecida integralmente a 70% dos consumidores atingidos. A previsão de retorno do serviço era para as 18h30 do dia anterior, porém a Enel informou que as falhas de distribuição estariam solucionadas até às 10h de terça-feira.
Diante do apagão, a companhia comunicou o aumento do número de funcionários encarregados de solucionar os danos na rede elétrica: "Reforçamos nossas equipes em campo e estamos trabalhando para normalizar o fornecimento de energia o mais breve possível nessas localidades.".
"Técnicos da companhia atuam desde a tarde de ontem, inclusive durante a madrugada, para reconstruir os trechos da rede de distribuição danificados. Cerca de 800 equipes seguirão trabalhando ao longo do dia para restabelecer a energia para todos."
O Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura de São Paulo notificou alagamentos em diferentes locais da cidade: Sé, Itaquera, São Miguel Paulista, Santo Amaro e Vila Mariana.
O apagão em novembro
Na primeira semana de novembro deste ano, um temporal causou uma falha no fornecimento de energia elétrica nas 24 cidades da região metropolitana de São Paulo. Três dias após as chuvas, mais de 315 mil imóveis ainda estavam sem luz e oito pessoas morreram. A Enel ainda deixou milhões de pessoas no escuro por mais de cinco dias.
O Ministério Público do estado (MP-SP) abriu uma investigação para apurar se houve omissão da Enel no restabelecimento de energia para os consumidores. A falha resultou na demissão do então presidente da Enel Brasil, Nicolas Cotugno.
Poucos dias após o temporal, no dia 7 de novembro, ele negou a responsabilidade da empresa sobre o apagão generalizado na região metropolitana de São Paulo: "Não é para nos desculparmos, não. O vento foi absurdo". Segundo ele, o evento extraordinário teria derrubado árvores, o que dificultou a resposta imediata.
Cotugno foi chamado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel, que registou quedas de energia durante a sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no dia 14. O presidente da Enel São Paulo, Max Xavier Lins, teve seu depoimento interrompido por uma das quedas de energia.
Segundo Lins, a Enel não teve responsabilidade na falta de energia durante a sessão. O presidente da concessionária no estado paulista afirmou que não houve problema elétrico da Enel e que as oscilações foram provocadas por chaveamento interno.
Instaurada em maio deste ano, a CPI da Enel investiga irregularidades e práticas abusivas cometidas pela empresa entre 2018 e 2023. Os presidentes da empresa haviam sido convocados na ocasião, porém não compareceram. Diante do apagão do dia 3, eles foram novamente chamados para prestar depoimentos.
Em 2019, durante a gestão do ex-governador João Dória, a Enel substituiu a estatal Eletropaulo na distribuição de energia elétrica em 24 municípios da região metropolitana de São Paulo. Desde então, demitiu 36% dos funcionários e aumentou em 7% o número de consumidores.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2019, a Enel SP possuía um colaborador para atender a cada 307 clientes, em média. Hoje, cada funcionário é incumbido de atender 511 consumidores, em média.