O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou na manhã desta segunda-feira (6) que o governo federal, por meio da Secretaria de Nacional do Consumidor, comandada por Wadih Damous, vai notificar a Enel, concessionária privada de energia elétrica de São Paulo, para dar explicações sobre o apagão que começou após temporal na sexta-feira (3) e ainda atinge várias áreas do estado.
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"O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, vai notificar a concessionária de energia elétrica em São Paulo para explicar a interrupção nos serviços essenciais. Outras iniciativas serão anunciadas pelo secretário Wadih Damous", afirmou Dino.
Pela rede X, a empresa segue afirmando que não há previsão de restabelecimento de energia a alguns dos consumidores que não conseguem contato por meio de outros canais de atendimento da concessionária.
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"Os ventos de 100 km/h que atingiram São Paulo, provocaram quedas de árvores e com isso você ficou sem energia. Triplicamos o número de equipes, mas precisamos construir as redes de novo e é uma operação de alta complexidade que leva tempo. Por isso, ainda não temos previsão", respondeu a Enel por volta das 10h30 desta segunda.
Passadas mais de 65 horas dos temporais, cerca de 500 mil imóveis seguem sem fornecimento de energia na Grande São Paulo - 413 mil na capital. A fala de luz atinge ainda 40 escolas municipais, sendo que 12 delas estão com as portas fechadas.
Em entrevista ao Bom Dia SP, da TV Globo, o prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB) responsabilizou a Enel, mas não falou em qualquer punição à empresa.
"Estamos aqui com todo o esforço, ampliamos as equipes, estamos com a Defesa Civil, pessoal das subprefeituras para poder trazer a cidade de volta o quanto antes. Mas em muitas situações, a gente depende que a Enel faça o seu trabalho de desligamento para poder remover as árvores e reestabelecer a energia. Situação bastante difícil", reclamou Nunes, sem oferecer solução.
Em São Caetano do Sul, 18 escolas não abriram nesta segunda por conta da falta de luz. Já em Taboão da Serra, o problema atinge dez escolas.
Corte
Empresa privada italiana que opera a energia elétrica no estado de São Paulo, a Enel reduziu cerca de 36% dos seus funcionários desde 2019, somando terceirizados e contratados, apesar do aumento de mais de 7% no número de consumidores.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2019 a Enel SP possuía um colaborador para atender a cada 307 clientes em média. Atualmente, a equipe de funcionários tem a responsabilidade de atender a uma média de 511 consumidores por colaborador.
A empresa nega a piora do serviço e afirmou através de nota que "tem trabalhado em tempo recorde".
“Naquele ano (2019), em uma situação de fortes chuvas, a Enel São Paulo restabeleceu o fornecimento de energia para 650 mil clientes em até 24 horas. No último sábado (4), após a ventania de mais de 100km/h – a mais intensa registrada nos últimos anos com danos severos à rede de distribuição – 960 mil clientes tiveram o fornecimento de energia normalizado em 24 horas", afirma.
“Esse volume recorde de investimento está sendo destinado, principalmente, à digitalização e automação da rede elétrica, o que tem refletido na melhora dos indicadores de qualidade e na eficiência da companhia”, diz o texto da empresa.