O educador e ativista do movimento negro Douglas Belchior fez um alerta à população do estado de São Paulo nesta segunda-feira (31). Segundo ele, a Polícia Militar, "com o aval" do governador bolsonarista Tarcísio Gomes de Freitas, deve "matar muita gente" nas próximas noites, em uma espécie de continuidade à operação que deixou ao menos 10 mortos no Guarujá, na Baixada Santista, desde o último final de semana.
A Operação Escudo foi deflagrada na última sexta-feira (28) nos bairros Vila Zilda e Vila Edna e contou com 3 mil policiais de 15 batalhões diferentes. A ação foi uma resposta ao assassinato do soldado Patrick Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), na quinta-feira anterior (27). De acordo com relatos de moradores divulgados pela imprensa, policiais ameaçaram matar mais de 60 pessoas para vingar o colega.
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Há inúmeras denúncias de abusos, que incluem até mesmo tortura, praticados pelos policiais militares. Moradores das duas comunidades onde ocorre a ação afirmam que estão sitiados e que PMs estão espalhando terror. Ao Brasil de Fato, um morador de uma das comunidades do Guarujá onde ocorreu a Operação Escudo, relata que um garoto foi torturado e morto.
"É de SP? FICA EM CASA! A polícia, com aval do governador Tarcísio, vai matar muita gente nas próximas noites. Especialmente jovens negros com o “perfil” de egressos e tatuados. É a continuidade da chacina do Guarujá, por todo o Estado", escreveu Belchior.
Mortes na Chacina do Guarujá podem chegar a 19, diz Ouvidoria das Polícias
A operação da Polícia Militar de São Paulo que ocorre no Guarujá desde a última sexta-feira (28) já deixou 10 mortos confirmados pelas autoridades, e agora a Ouvidoria das Polícias apura mais 9 denúncias que podem elevar a cifra da chacina a 19 vítimas. Essas novas denúncias são referentes a crimes que teriam ocorrido entre a noite do último domingo (30) e essa segunda (31).
As dez mortes já confirmadas ocorreram entre sexta-feira (28) e a tarde de domingo. Em pronunciamento nessa manhã, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que está “extremamente satisfeito com a ação”.
"A gente não quer o confronto de jeito nenhum, tanto é que nós tivemos 10 prisões. Aqueles que resolveram se entregar à polícia, foram presos. Foram apresentados à Justiça. O autor do disparo foi preso e foi entregue à Justiça, como deve ser. A gente não quer de maneira nenhuma o confronto, mas também não vamos tolerar a agressão", disse o governador.
Na coletiva, o governador bolsonarista confirmou 8 mortes durante a operação. Mais tarde, no início da noite desta segunda-feira (31), outras duas mortes foram confirmadas pela delegacia do Guarujá.
De acordo com os boletins de ocorrência de 7 das 10 mortes confirmadas, a PM disparou pelo menos 30 vezes em 42 horas para produzir essas vítimas. Segundo os depoimentos dos próprios agentes, foram 34 disparos: 17 de fuzil e 17 de pistolas. Em apenas 3 casos os PMs alegaram ter sido alvejados pelas vítimas antes do desfecho.