MASSACRE

O duro recado de Marina Silva a Tarcísio após chacina da PM no Guarujá

Além da titular do Meio Ambiente, ministros dos Direitos Humanos e da Justiça se pronunciaram sobre a ação da PM no litoral paulista que deixou ao menos 10 mortos

Marina Silva manda recado a Tarcísio após ação da PM de SP no Guarujá.Créditos: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Marcelo S. Camargo/Governo do Estado de SP
Escrito en POLÍTICA el

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi a terceira integrante do governo Lula a se pronunciar, nesta segunda-feira (31), sobre a ação da Polícia Militar de São Paulo, estado governado pelo bolsonarista Tarcísio Gomes de Freitas, que deixou ao menos 10 mortos no Guarujá, na Baixada Santista. 

"A escalada da violência no Brasil nas últimas décadas agravou-se, especialmente nos anos recentes em que o Estado brasileiro foi controlado pela extrema-direita", diz a ministra. 

A Operação Escudo foi deflagrada na última sexta-feira (28) nos bairros Vila Zilda e Vila Edna e contou com 3 mil policiais de 15 batalhões diferentes. A ação foi uma resposta ao assassinato do soldado Patrick Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), na quinta-feira anterior (27). De acordo com relatos de moradores divulgados pela imprensa, policiais ameaçaram matar mais de 60 pessoas para vingar o colega. 

Há inúmeras denúncias de abusos, que incluem até mesmo tortura, praticados pelos policiais militares. Moradores das duas comunidades onde ocorre a ação afirmam que estão sitiados e que PMs estão espalhando terror. Ao Brasil de Fato, um morador de uma das comunidades do Guarujá onde ocorreu a Operação Escudo, relata que um garoto foi torturado e morto. 

Marina: "Governos de extrema direita aumentaram a truculência" 

Em duro e contundente texto divulgado através das redes sociais, Marina Silva associou diretamente o aumento das ações truculentas das polícias militares em comunidades aos "governos de extrema direita", como o de Tarcísio Gomes de Freitas em São Paulo, e destacou que essas ações vitimam, principalmente, pretos e pobres

A ministra Marina Silva (Foto: Felipe Werneck/MMA)

"A escalada da violência no Brasil nas últimas décadas agravou-se, especialmente nos anos recentes em que o Estado brasileiro foi controlado pela extrema-direita. É evidente que a 'guerra contra o crime' faz vítimas, principalmente entre pretos e pobres, e que a política de segurança precisa ser totalmente repensada. Não são apenas as táticas e estratégias policiais que precisam ser revistas, mas todo o relacionamento do Estado com o povo das periferias", diz a ministra. 

"É preciso inteligência na ação policial, mas é preciso também integrar outros setores do Estado e da sociedade, empresas, imprensa, igrejas, todos num grande esforço de pacificação do país. Ao invés de inteligência, os governos da extrema-direita aumentaram a truculência. Ao invés de multiplicar as parcerias, aumentaram a inimizade e os conflitos", prossegue a ministra. 

Em recado a Tarcísio, Marina Silva cobrou o governador: "Tarcísio precisa dizer ao povo qual é o seu plano para a segurança pública do Estado de São Paulo, o que pode assegurar a redução da violência e de mortes, inclusive dos agentes de segurança". 

Confira

Silvio Almeida

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, também se pronunciou através de nota oficial sobre a ação da Polícia Militar de São Paulo que deixou ao menos 10 mortos no Guarujá. 

"As denúncias são graves e merecem ser apuradas com rigor. A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos já foram acionadas a acompanhar as investigações e fiscalizar as providências adotadas pelas autoridades em relação a esse episódio, além de dialogar com outras autoridades para compreender o que aconteceu", diz um trecho do comunicado. 

Flávio Dino

Quem também repercutiu o massacre promovido pela PM no litoral paulista foi o ministro da Justiça, Flávio Dino, que afirma parecer desproporcional a reação dos policiais ao assassinato de um agente. 

“Chama atenção o fato de você ter um terrível crime contra um policial, um crime que realmente merece repulsa, sendo usado inclusive uma pistola de 9 milímetros, e houve uma reação imediata que não me parece nesse momento ter sido proporcional em relação ao crime cometido”, disse o ministro.

Dino também afirmou que as investigações a respeito da matança devem ser levadas à cabo pelas autoridades estaduais de São Paulo e garantiu que o Governo Federal acompanha os desdobramentos mas não pretende intervir.

“Nesse momento é fundamental que haja essa investigação independente no estado. As imagens das câmeras de segurança são fundamentais para o esclarecimento do fato. Essa providência será tomada pelas autoridades de São Paulo e nós, do governo federal, estamos acompanhando. Não podemos intervir ou fazer qualquer tipo de presunção. Vamos esperar a apuração das autoridades paulistas, do Judiciário e do Ministério Público para, aí sim, tomar uma posição oficial”, concluiu.