O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou as redes sociais nesta quarta-feira (3) para fazer postagens de incentivo à vacinação contra a Covid-19. A campanha de imunização vem sendo reforçada desde 24 de abril, quando o Ministério da Saúde anunciou a ampliação da dose de reforço com a vacina bivalente para maiores de 18 anos.
As publicações desta quarta-feira, entretanto, tiveram um "timing" perfeito: vieram justamente o dia em que a Polícia Federal (PF) deflagrou operação de busca e apreensão contra Jair Bolsonaro por, supostamente, ter fraudado seu cartão de vacinação. Auxiliares do ex-presidente, como seu ajudante de ordens, coronel Mauro Cid, foram presos, e há fortes chances do caso levar também o ex-mandatário à cadeia.
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Os perfis oficiais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) nas redes, por exemplo, divulgaram o seguinte texto: "Tomar vacina é importante para você e os outros. Já está liberada a dose de reforço da vacina bivalente contra a Covid-19 para todos os adultos +18 anos. A recomendação é para quem já tomou pelo menos 2 doses de monovalentes (Pfizer, Astrazeneca ou Coronavac). Corre pro postinho!".
Junto à postagem, a Secom colocou uma foto do presidente Lula segurando seu cartão de vacina logo após ser imunizado, deixando bolsonaristas revoltados. Apoiadores de Bolsonaro interpretaram a postagem como uma provocação ao ex-presidente.
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Já o perfil oficial Governo do Brasil fez uma publicação que tem relação ainda mais próxima com o caso pelo qual Bolsonaro é investigado. A postagem é um alerta à população de que alguns países ainda exigem comprovante de vacinação dos viajantes.
"Fique ligado! Muitos países ainda exigem o protocolo de vacinação para que brasileiros possam visitar. Portanto, informe-se antes de viajar. Além disso, é fundamental para a saúde pública que todos e todas estejam vacinados", diz o post, com uma imagem do mascote Zé Gotinha no avião presidencial.
Operação da PF na casa de Bolsonaro; entenda
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, foi preso durante a Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (3). Os policiais também cumprem mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente.
A operação está sendo realizada dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
A PF cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.
A corporação investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e Rede Nacional de Dados em Saúde
A inclusão dos dados falsos ocorreu entre novembro de 2021 e dezembro do ano passado. As pessoas beneficiadas conseguiram emitir certificados de vacinação e usar para burlar restrições sanitárias impostas pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, segundo os investigadores.
Segundo a PF, a apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19.
De acordo com a corporação, os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
A PF explicou que o nome da operação deriva do princípio “Venire contra factum proprium”, que significa "vir contra seus próprios atos", "ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos". É um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.