Nesta quarta-feira (12) o entregador Max Angelo Alves dos Santos, um dos agredidos pela ex-jogadora de vôlei bolsonarista Sandra Mathias Correia de Sá no bairro de São Conrado, Rio de Janeiro (RJ), no último domingo (10), prestou depoimento aos policiais da 5º Delegacia de Polícia (Gávea), onde está tramitando a investigação sobre o caso.
Max foi agredido com "chicotadas" por Sandra. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a investida da bolsonarista, que tem clara conotação racista. Nas imagens, é possível ver a mulher partindo para cima do entregador na calçada em frente ao estabelecimento em que trabalha.
Te podría interesar
A mulher teria saído para passear com seu cachorro e se irritou com a presença de entregadores circulando com suas motocicletas pela calçada. Tomada por ódio e preconceito, ela avançou contra os trabalhadores e, em dado momento, agrediu Max com socos, puxou sua camisa e desferiu as "chicotadas" com a coleira.
"Você não está na favela. Você está aqui. Quem paga o IPTU aqui sou eu", disse a mulher, que ainda mordeu uma entregadora que estava no local.
Te podría interesar
Ao sair da delegacia onde prestou depoimento nesta quarta, Max Angelo foi consolado por sua mãe, a cabeleireira Adriana Souza Alves.
"Você vai sair dessa, de cabeça erguida, porque eu te dei uma boa criação, mesmo morando na favela (...) Por isso você tem essa educação de hoje, porque se não você tinha perdido a cabeça. Fica calmo, você não queria estar passando por isso, mas infelizmente está passando. Infelizmente, em pleno século XXI, ainda existe esse tipo de preconceito", disse Adriana, abraçando seu filho enquanto ele chorava.
A cena, registrada pela TV Globo, comoveu usuários das redes sociais.
Assista
Agressora fugiu do depoimento
Sandra Mathias Correia de Sá é a professora e ex-jogadora de vôlei de 53 anos que foi filmada no último sábado (9), no Rio de Janeiro, ‘chicoteando’ um entregador com uma coleira de cachorro, mordendo uma entregadora e agredindo outros dois trabalhadores. Ela tinha seu depoimento marcado na 15ª Delegacia de Polícia, no bairro da Gávea, nesta quarta-feira (12). No entanto, o depoimento teve de ser adiado.
O adiamento do depoimento de Sandra Mathias Correia de Sá se deu por conta de um pedido do seu advogado, Roberto Duarte Butter, que apresentou um atestado médico da cliente. “Ela está com várias lesões”, declarou o profissional para a imprensa.
Sobre a linha que deve adotar na defesa de Sandra Mathias Correia de Sá, Butter garante que irá “surpreender” a opinião pública.
A bolsonarista responderá por injúria racial (que tem pena prevista de 2 a 5 anos de prisão ) e lesão corporal (com detenção de 3 meses a 1 ano).
Possível expulsão do condomínio
Além da investigação que pode desdobrar em um processo na Justiça de reparação do dano causado às vítimas, Sandra Mathias Correia de Sá tem outro problema pela frente. Seus vizinhos, do condomínio onde mora no bairro de São Conrado, querem vê-la expulsa do local.
A informação é de Homero Pacheco Fernandes, o advogado do condomínio. Ele foi à delegacia para entregar as imagens das câmeras de segurança solicitadas pela investigação e anunciou o desejo dos demais moradores. Sandra mora de aluguel no local.
“Os vizinhos ficaram assustados com o que aconteceu. Há relatos de moradores que teriam tido um bate-boca com ela. O condomínio notificou a administradora e pede que ela seja retirada”, declarou.
Quem é Sandra Mathias Correia de Sá
Como jogadora de vôlei, Sandra Mathias Correia de Sá mal é lembrada. Pelos seus mal feitos, no entanto, ela tem se destacado bastante.
Sua última grande obra foi ser flagrada em vídeo chicoteando e agredindo entregadores em São Conrado, no Rio de Janeiro, no domingo (9). Após isto, circulou bastante um tuíte dela pedindo votos (nunca falha) para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Uma delas é por injúria e ameaça, prática que parece cotidiana na vida da ex-jogadora. A outra é mais surpreendente. Ela foi acusada de furto de energia elétrica na Praia do Leblon, onde mantém uma escola de vôlei.
Sandra afirma ser nutricionista, além de dona da escolinha de vôlei de praia.
Nas redes sociais, ela informa que foi atleta profissional por 14 anos, desde 2000. Ela também diz que trabalhou como nutricionista em clínicas no Rio, e foi supervisora de produção do Comitê Olímpico do Brasil (COB), entre outubro e novembro de 2022.