APAGÃO

Enel: conheça a empresa que administra a eletricidade em São Paulo

Concessionária de energia original da Itália já teve que vender suas operações em outro estado após quedas de energia recorrentes

O italiano Nicola Cotugno, presidente da Enel.Créditos: Divulgação
Escrito en BRASIL el

A concessionária de energia elétrica Enel já é velha conhecida dos moradores de São Paulo, mas tomou os noticiários nacionais após o apagão que ocorreu na capital paulista, ocasionado pelo temporal do último dia 3. Algumas residências chegaram a ficar cinco dias sem energia elétrica.

Após o período calamitoso, a Câmara Municipal criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação da Enel no caso. O presidente da concessionária, Nicola Cotugno, chegou a dizer que a culpa da falta de luz era do “vento absurdo” que ocorreu na cidade.

No entanto, a trajetória da Enel no Brasil e em São Paulo pode ser um indicativo de que a calamidade já estava anunciada.

De onde surgiu a Enel

A Enel é uma multinacional italiana que, segundo o próprio site, se define como “uma holding de companhias que atuam nos segmentos de geração, conversão e distribuição de energia, além de prestação de serviço”.

A empresa foi criada em 1962 mas só iniciou seu processo de expansão mundial no início do século 21. Hoje, está presente em 30 países, entre eles, o Brasil, e também possui negócios com energia renovável e comercialização de energia convencional incentivada no Mercado Livre.

Ao longo de sua história no país, a concessionária já passou por quatro estados brasileiros. No entanto, em 2023, só está presente em três. No quarto, Goiás, a empresa teve que vender suas operações no ano passado, após reclamações, inclusive do governo, sobre quedas de energia na região.

A Enel em São Paulo

Os outros estados que contam com os serviços da Enel são Ceará, Rio de Janeiro e, claro, São Paulo. A empresa chegou em terras paulistas em 2018, após comprar 73% das ações da Eletropaulo, estatal que era responsável pela distribuição da energia elétrica em São Paulo.

De lá para cá, a Enel comprou todas as ações restantes da finada Eletropaulo, até que ficou com o capital inteiro da estatal. São 24 municípios, todos da Região Metropolitana de São Paulo, que contam com a atuação da Enel em seu território, um total de cerca de 7,7 milhões de imóveis. Desses, 27% ficaram sem energia após o temporal do dia 3.

Após iniciar suas operações prometendo investir mais de R$ 3 bilhões na geração e distribuição de energia elétrica em São Paulo, o investimento, no fim das contas, foi 10% menor do que o previsto, segundo o Sindicato dos Eletricitários de SP.

O lucro, em compensação, aumentou 80% entre 2019 e 2022. No mesmo ano, a empresa foi eleita a pior entre todas as atuantes do ramo no estado de São Paulo, de acordo com o ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O resultado paradoxal se dá pela política de redução de custos da empresa desde que chegou a São Paulo. Desde 2019, o número de funcionários da Enel, entre terceirizados e contratados, diminuiu 36%.

Enquanto isso, o número de clientes atendidos cresceu 7%. Dados da Aneel mostram que, em 2019, a Enel SP possuía um colaborador para atender 307 clientes em média. Atualmente, a equipe de funcionários tem a responsabilidade de atender a uma média de 511 consumidores por colaborador.

A empresa segue investigada pela CPI na Câmara Municipal de SP. Na sessão desta quinta-feira (16), o presidente Nicola Cotugno não descartou a ocorrência de outro apagão, caso a previsão de ventos de 100 km/h, alertada pela Defesa Civil paulista para o fim de semana, se confirme.

* Com informações do G1.