Quedas de energia foram registradas durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel, realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na manhã desta terça-feira (14). As duas falhas na luz ocorreram minutos antes da CPI ter início e durante a reunião com os deputados.
O presidente da Enel São Paulo, Max Xavier Lins, teve seu depoimento interrompido por uma das quedas de energia. "A Enel foi vítima dela mesmo. O Max quis fazer uma apresentação, mas não conseguiu por conta da queda de energia aqui [na Alesp]", comentou Thiago Auricchio (PL), presidente da CPI.
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A concessionária privada administra a distribuição de energia elétrica em São Paulo. Segundo Lins, a Enel não teve responsabilidade na falta de energia durante a sessão. O presidente da concessionária no estado paulista afirmou que não houve problema elétrico da Enel e que as oscilações foram provocadas por chaveamento interno.
Os apagões também teriam ocorrido na segunda-feira (13), antes do Congresso de Comissões. Os desta terça, no entanto, causaram prejuízo à Alesp, de acordo com o deputado do PL: "Podemos pedir uma indenização, porque uma televisão queimou e a outra teve o adaptador queimado. A Assembleia foi vítima da Enel".
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O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, também foi convocado para depor na comissão. Poucos dias após o temporal, no dia 7 de novembro, ele negou a responsabilidade da empresa sobre o apagão generalizado na região metropolitana de São Paulo: "Não é para nos desculparmos, não. O vento foi absurdo". Segundo ele, o evento extraordinário teria derrubado árvores, o que dificultou a resposta imediata.
Um histórico recente
Na primeira semana de novembro deste ano, um temporal causou um apagão nas 24 cidades da região metropolitana de São Paulo. Mais de 72h após as chuvas, mais de 315 mil imóveis ainda estavam sem luz e oito pessoas morreram. O Ministério Público do estado (MP-SP) abriu uma investigação para apurar se houve omissão da Enel no reestabelecimento de energia para os consumidores.
Instaurada em maio deste ano, a CPI da Enel investiga irregularidades e práticas abusivas cometidas pela empresa entre 2018 e 2023. Os presidentes da empresa haviam sido convocados na ocasião, porém não compareceram. Diante do apagão do dia 3, eles foram novamente chamados para prestar depoimentos.
Em 2019, durante a gestão do ex-governador João Doria, a Enel substituiu a estatal Eletropaulo na distribuição de energia elétrica em 24 municípios da região metropolitana de São Paulo. Desde então, demitiu 36% dos funcionários e aumentou em 7% o número de consumidores.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2019, a Enel SP possuía um colaborador para atender a cada 307 clientes, em média. Hoje, cada funcionário é incumbido de atender 511 consumidores, em média.