As sinalizações do pré-candidato à presidência pelo União Brasil, Luciano Bivar, de que pode sair da disputa para apoiar Lula ainda no primeiro turno deve causar um efeito impensado na disputa eleitoral na Bahia: o ex-prefeito ACM Neto, favorito nas pesquisas para o governo do Estado, também apoiaria o petista imediatamente.
Bivar, que foi presidente do PSL, o partido que levou Jair Bolsonaro ao Planalto, hoje é oposição ao governo, assim como Neto, que apoiou Bolsonaro em 2018 e hoje aciona a Justiça de forma recorrente para que o PT baiano não o associe ao presidente da República. Na última segunda-feira, 25 de julho, o TRE-BA proibiu, em decisão unânime, a associação do pré-candidato ao governo a Bolsonaro em relação ao aumento dos preços da gasolina e dos alimentos, e ainda determinou multas ao PT, PCdoB e PSB.
Bivar e o União Brasil teriam pedido ao PT que retire a candidatura de Jerônimo Rodrigues à sucessão do governador Rui Costa e anuncie a adesão a Neto em troca do apoio a Fernando Haddad em São Paulo. Segundo o colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, isso teria feito, porém, o acordo travar. Mas, nos bastidores, as conversas continuam. A pergunta é: os petistas baianos vão topar se unir a seu rival histórico?
Embora as pesquisas apontem ACM Neto em primeiro lugar e com chances de vencer em primeiro turno, o voto Neto-Lula ou "LuNeto", como foi apelidado, tem sido detectado entre os eleitores do pré-candidato ao governo. No entanto, Jerônimo cresce nas pesquisas quando aparece associado ao ex-presidente.
Em entrevistas, Neto, que sabe que pode perder votos se criticar Lula, tem elogiado o petista. No começo do mês, comentando declarações do ex-presidente de que apoia Jerônimo, mas que nunca fez distinção ideológica entre governadores quando estava no poder –ao contrário de Bolsonaro–, Neto disse que o eleitor é livre "para casar quem ele quiser".
"Me parecem declarações sensatas, adequadas. Ninguém vai esperar que ele não se manifeste a favor do seu candidato, do candidato do seu partido, mas, como as pessoas que têm espírito público, fica claro a possibilidade de um diálogo futuro”, disse, em entrevista à rádio Metrópole. “Não adianta o líder político achar que vai mandar na vontade do povo. O povo é livre e faz suas escolhas. Se vão votar em Neto e Lula, se vão votar em Neto e outros pré-candidatos, é uma decisão do eleitor; O eleitor vai tomar a sua decisão e ninguém vai impedir que o eleitor case ninguém com ninguém. O eleitor vai ter liberdade para casar quem ele quiser.”
Essa nota será atualizada para mais informações nas próximas horas.