Provavelmente você já esbarrou com alguma obra de arte de Andy Warhol e é bem provável que tenha sido com o icônico retrato da atriz Marilyn Monroe. E nesta segunda-feira (9) o retrato de Marilyn Monroe feito por Andy Warhol - "Shot Sage Blue Marilyn" -, se tornou a obra de arte mais cara do século XX ao ser leiloada por US$ 195 milhões, cerca de R$ 1 bilhão de reais.
A expectativa era que a oferta inicial fosse de US$ 200 milhões, o que daria R$ 1 bilhão. Mas, mesmo tendo sido arrematada pelo valor abaixo do esperado, o retrato serigráfico de Marilyn Monroe produzido por Andy Warhol é, a partir de agora, a obra de arte mais cara do século XX.
Em comunicado, a casa de leilões Christie’s afirma que o retrato é "um exemplo inigualável da arte do século XX, do mais importante artista dos EUA. 'Shot Sage Blue Marilyn' é uma das imagens mais raras e transcendentais que existe".
Valorar uma obra de arte envolve uma série de questões: impacto, influência, inovação etc. Mas chama atenção que hoje a série de retratos produzidas por Andy Warhol sejam tratadas por críticos como "transcendentais" e "atemporais", pois, como revela o documentário "Os retratos de Andy Warhol", à época da produção de tais obras, Warhol foi acusado de ser um "artista comercial", "repetitivo" e "raso", o que se provou ser injusto com aquele que é um dos fundadores da pop art.
Retrato icônico
A obra serigráfica, que consiste em dez retratos de Marilyn Monroe com tons de cores distintos, foi produzida por Warhol em 1964, dois dias após o falecimento da atriz.
Para compor a sua série sobre Marilyn Monroe, Andy Warhol utiliza uma foto da atriz tirada pelo produtor Gene Korman, que serviria de material de divulgação para o filme Niagara, de 1953.
Warhol reinterpreta a imagem original de Monroe e destaca o amarelo do cabelo da atriz, trabalha com um fundo azul turquesa, tom de rosa sobre o rosto e um forte vermelho sobre os lábios.
Essa obra de arte de Warhol se tornou uma referência estética e, até hoje, é reproduzida de variadas maneiras ao redor do mundo. Provavelmente, é uma das obras de arte mais populares do mundo e até hoje serve de inspiração para outros artistas.
Ao todo, Warhol produziu dez combinações com diferentes cores, utilizando o processo impessoal de serigrafia.
À época, a obra fez de Andy Warhol um artista internacionalmente famoso e o alçou à categoria de fundador da pop art.
Posterior ao retrato de Marilyn Monroe, muitos outros artistas seriam transformados em obra de arte pelas mãos e lentes de Warhol, entre eles, Mick Jagger, Elizabeth Taylor e Michael Jackson.
Por conta da produção em série dos autorretratos, Warhol era acusado de ser um artista que não tinha profundidade e que se repetia, críticas que também vinham acompanhadas de comentários machistas. Sempre irônico, ele dizia que não podia discutir com os críticos, pois, “eles têm razão”.
Sobre o fato específico de sua arte ser comercial – maneira depreciativa que críticos se referem a um artista – Warhol questionava: “O que é a arte? Ela vem de dentro ou é um produto?”.
Os diários de Andy Warhol
Além de ser o autor da obra de arte mais cara do século XX, Andy Warhol acaba de ganhar um documentário inédito na Netflix, cujo título é “Os diários de Andy Warhol”.
Na série documental acompanhamos as várias fases da vida de Warhol, mas de uma perspectiva diferente: a da sua solidão diante do caderno.
Com tom intimista e melancólico, a série nos mostra como a homofobia estrutural e o medo de morrer, fizeram de Warhol uma pessoa introspectiva, mas ao mesmo tempo inventiva e que amou demais.
A produção também nos dá a oportunidade de saber mais sobre a sua relação com o outro grande nome da pop art, Jean Michel Basquiat.
Uma relação que caminhava entre amor, admiração e amizade, mas que, no meio do caminho, encontrou uma imprensa nociva que despejou racismo e homofobia na relação de troca artística entre Warhol e Basquiat.
Além de ter se tornado um expoente da pop art, Basquiat foi responsável por tirar Warhol do ostracismo ao qual fora relegado na década de 1980.
Por fim, o documentário, em sua segunda parte, mergulha na vida de Basquiat e Warhol e mostra como a racismo e a homofobia foram implacáveis com ambos e também responsáveis pelo destino trágico dos dois artistas icônicos da pop art.