ÓDIO E INTOLERÂNCIA

Suspeito de atacar o Porta dos Fundos é extraditado da Rússia para o Brasil; relembre o caso

Eduardo Fauzi afirma ter recebido “um chamado divino” para realizar o ataque e declarou que “tudo vale a pena quando a pátria não é pequena”

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Eduardo Fauzi, o empresário suspeito de ter participado do ataque com coquetel molotov à sede da produtora do Porta dos Fundos, foi extraditado da Rússia para o Brasil.  

O suspeito chegou no Brasil pelo Aeroporto de Guarulhos (SP) e a extradição foi concluída com a chegada de Fauzi ao Aeroporto de Santos Dumont (RJ).  

Em Moscou, o empresário foi conduzido por policiais brasileiros da Interpol. No Rio de Janeiro ele ficará preso no Presídio José Frederico Marques em Benfica, na Zona Norte carioca. 

O Ministério do Interior da Rússia revelou ao site "Argument i Fakty" que a extradição ocorreu no Aeroporto Internacional de Vnukovo. 

A defesa de Eduardo Fauzi confirmou a extradição dele e em nota declarou que "aguarda deliberação do MPRJ sobre eventual denúncia a ser formulada, assim como a reavaliação da prisão preventiva de Eduardo pela justiça estadual". 

"A defesa entende que a prisão cautelar - com a conclusão do processo de extradição - perde todos os fundamentos, reafirma o desejo do Eduardo em colaborar com a Justiça, com a entrega de documentos como do passaporte pessoal. Por fim, em breve, após contato com Eduardo em solo brasileiro, a defesa emitirá nota atualizada sobre seu retorno ao país", diz a nota da defesa de Eduardo Fauzi. 

"Atendi um chamado"

Em entrevista ao site Sputnik, Eduardo Fauzi, que até este momento é o único suspeito identificado e detido na Rússia pelo ataque com coquetéis molotov à sede do Porta dos Fundos, em 2019, declarou sobre a autoria do ataque que o "destino bateu à sua porta, e eu atendi ao seu chamado".

A respeito de um possível arrependimento, Fauzi declarou que não há e que sua consciência está tranquila. "Eu sigo aqui (na prisão), absolutamente em paz com a minha consciência e aguardando o juízo da História. Tudo vale a pena quando a pátria não é pequena", respondeu

Para Fauzi a representação de "Jesus Cristo gay é completamente inadmissível sob qualquer ótica que se pretenda analisar. Não existe nenhuma possibilidade de convivência democrática, pacífica e harmoniosa, em uma sociedade plural e multifacetada, como é a brasileira, se nós não tivermos a obrigação institucional de respeitar o que é sagrado ao outro".

Ao Sputnik, Fauzi relatou como se deu a sua prisão. "Eu vim cumprindo um protocolo de segurança que me foi passado por alguns camaradas gregos e que deveria, em tese, me garantir um espaço de manobra, com segurança, pelo prazo de um ano, aproximadamente. No entanto, esse protocolo veio sendo paulatinamente exaurido por agentes ligados à Interpol”, revelou.

Posteriormente, ele explica por que foi viver no interior da Rússia. “A gente considerou que a minha permanência em Moscou era temerária e que eu seria localizado e preso em algum momento entre setembro e outubro. Por isso, eu optei por me refugiar no interior, onde a possibilidade de monitoramento e localização é menor. Eu consegui uma janela de segurança que me permitiu embarcar com tranquilidade em Moscou, mas, devido ao mau tempo, meu voo atrasou, a janela de segurança se fechou e, quando eu desembarquei em Ekaterinburgo, o red notice da Interpol acabou sendo ativado, o que fez com que eu fosse localizado e detido, depois do salão de desembarque, no saguão do aeroporto, pouco antes de tomar um táxi. Um golpe de azar, infelizmente".

Sobre a sua relação com os outros detentos, Eduardo Fauzi revelou que o fato de ter atacado uma produtora que retratou Jesus como homossexual contou a seu favor.

"O fato de eu ter sido preso, sob a alegação de homicídio, contra os patifes que retrataram Nosso Senhor Jesus Cristo como gay, acabou involuntariamente contando em meu favor, já que essa tipificação criminosa acabou me rendendo respeito", disse.

 

O ataque à sede do Porta dos Fundos 


No dia 24 de dezembro de 2019, véspera de natal, cinco homens realizaram um ataque à sede da produtora do Porta dos Fundos.

O grupo arremessou coquetéis molotov na fachada da produtora. O ataque ocorreu logo depois da estreia do especial de natal exibido na Netflix, onde Jesus Cristo teve uma experiência homossexual depois de passar 40 dias no deserto. 

Eduardo Fauzi foi flagrado por câmeras de segurança depois de descer do veículo usado na fuga, momentos depois do ataque. Na investigação, a polícia analisou mais de 50 câmeras de segurança. 

 

Liberdade de expressão 

 

À época, a assessoria de imprensa do Porta dos Fundos informou que, se não fosse a presença de um segurança, a sede da produtora certamente seria incendiada. 

Em nota, o grupo humorístico afirmou que “condena qualquer ato de ódio e violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades, para o Secretário de Segurança, e espera que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos”. Além disso, ressaltou que seguirá em frente “mais unido, mais forte e mais inspirado pela liberdade de expressão”.