O juiz Luiz Gustavo Esteves, da 11ª Vara Cível de São Paulo, negou nesta quinta-feira (16) uma ação movida por associação católica contra o Especial de Natal do Porta dos Fundos. Todo fim de ano o episódio natalino da produtora é alvo de ataques de grupos conservadores.
"Analisando-se a hipótese concreta, não se vislumbra em sede de cognição sumária o colorido traçado na petição inicial — não se vislumbra discurso de ódio, mas sim, uma sátira extremamente ácida, típica do grupo — a justificar a prévia censura pretendida, respeitado entendimento diverso", disse o magistrado na decisão.
Segundo informações da ConJur, o juiz apontou que não cabe ao Estado Laico intervir em conteúdos que não agradem grupos religiosos.
Denominado Te Prego Lá Fora, o episódio é a primeira animação realizada pelo Porta dos Fundos e o oitavo Especial de Natal do grupo. A animação, criada por Fábio Porchat e dirigida por Rodrigo Van Der Put, retrata Jesus Cristo tentando superar dilemas adolescentes. Em uma das cenas, o personagem vai a um prostíbulo.
Ataque à bomba
Essa não é a primeira vez que o Porta dos Fundos vira alvo de grupos conservadores. A produtora foi alvo de críticas em 2019 por retratar Jesus como homossexual e em 2020 enfrentou ações judiciais que só foram resolvidas no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na véspera do Natal de 2019, a sede da produtora do Porta dos Fundos, no bairro Humaitá, no Rio de Janeiro, foi alvo de um ataque a bomba. Dois coquetéis molotov foram atirados no interior do prédio da produtora do grupo de humor.
Via assessoria de imprensa, o Porta dos Fundos informou na ocasião que, se não fosse a presença de um segurança, a sede da produtora certamente seria incendiada. Em nota, o grupo humorístico afirmou que “condena qualquer ato de ódio e violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades, para o Secretário de Segurança, e espera que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos”. Além disso, ressaltou que seguirá em frente “mais unido, mais forte e mais inspirado pela liberdade de expressão”.