DIÁRIO DA CHINA

Um inesquecível acampamento na Grande Muralha na China

Na companhia de colegas latino-americanos, caribenhos e de outras nacionalidades e aconchegada na toalha de Lula fiz um dos passeios mais incríveis da minha vida

Créditos: Pablo Coppa (esq..) e Eduardo Delgado (dir) - Grupo inicia a subida da Grande Muralha. Eu e a toalha de Lula no acampamento.
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Neste sábado (17) eu fiz um dos passeios mais incríveis da minha vida e que vai ficar gravado para sempre na minha memória. Participei de um acampamento na Grande Muralha da China, com direito a uma festa ao pôr-do-sol. 

Istvan Ojeda - Pôr-do-sol na Grande Muralha da China
Pablo Coppa - Grupo de companheiros de acampamento.

Na companhia de colegas jornalistas latino-americanos e caribenhos que participam do mesmo programa que eu e de outros estrangeiros que moram aqui no país, entre eles argentinos, australianos e franceses, fiz uma caminhada, peguei um teleférico e pernoitei em uma barraca sob um céu estrelado e uma lua minguante. 

A Grande Muralha é composta por uma série de fortificações feitas de pedra, tijolo, terra compactada, madeira e outros materiais. É formada por várias seções dispostas no sentido leste-oeste através das fronteiras do norte da China. Os primeiros trechos foram construídos no século VII a.C e, mais tarde, foram unidos, aumentados e fortificados. 

A parte mais famosa foi construída entre 220 e 206 a.C por Qin Shi Huang, o primeiro imperador chinês, da Dinastia Qin. Pouco desta construção permaneceu de pé. Ao longo desses milênios, a Grande Muralha foi construída, reconstruída, mantida e melhorada. A maior parte do trecho existente é da Dinastia Ming (1368-1644).

Além de proteger o país contra invasões de forças militares do exterior, outras finalidades da Grande Muralha incluíram controle aduaneiro das mercadorias transportadas ao longo da Rota da Seda e controle migratório. Ao longo da construção há torres de vigia, quartéis de tropas, estações de guarnição, pontos para sinalização por meio de fumaça ou fogo e corredor de transporte.

A Grande Muralha se estende do oeste, da cidade de Jiayuguan, na província de Gansu, noroeste do país, a leste, até a foz do rio Yalujiang, na província de Liaoning, no nordeste. Atravessa o Deserto de Gobi, quatro províncias (Hebei, Shanxi, Shaanxi e Gansu) e duas regiões autônomas (Mongólia Interior e Ningxia).

Em 2012 foi anunciado que a Grande Muralha mede 21.196 quilômetros na totalidade e aproximadamente 7 metros de altura. Esta medida contempla todas as paredes que foram alguma vez construídas, mesmo as que já não existem. Em 2007, após um concurso informal internacional, foi considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno. Desde 1986, integra a lista do Património Mundial da Unesco. 

A afirmação de que a Grande Muralha da China seja a única obra feita pelo ser humano capaz de ser vista a olho nu do espaço é falsa. Quando Yang Liwei se tornou o primeiro taikonauta a ficar em órbita na Terra em 2004, declarou que a obra colossal não era visível. O que não diminui em nada a magnitude desse lugar. 

O trecho que eu visitei fica no distrito Huanghuacheng e é a única parte Grande Muralha à beira do lago, que leva o nome desse local, em Beijing, e um dos principais destinos para caminhada. Os visitantes também podem pegar um barco para apreciar a construção de um ângulo diferente. Quem sabe em outra oportunidade eu faça esse trajeto? Localizado a 70 quilômetros da capital chinesa, levei duas horas de ônibus para chegar lá. 

Randolph Borges - Amanhecer na Grande Muralha da China.

No sopé da colina há um exuberante jardim de castanheiros que foi plantado por soldados da Dinastia Ming designados para montar guarda por lá. No fim do trajeto, no topo da colina, fica a Torre Dongliushi que é o ponto mais alto desse trecho e onde montamos acampamento com direito a uma visão panorâmica deslumbrante.

O primeiro trecho da subida eu fiz à pé. Mas o trecho mais inclinado, a muralha em si, eu peguei um teleférico para poupar o meu quadril. Sábia decisão. Os degraus são extremamente altos e o esforço me deixaria muito mal. 

Montada a barraca, assistimos ao espetáculo do pôr-do-sol, compartilhamos refeição, ouvimos música e dançamos, papeamos e tiramos muitas fotos. Eu fiz questão de levar a minha toalha do Lula e desfilei faceira pelo acampamento. Tanto que quem não sabe meu nome me chama pelo nome do nosso futuro presidente e me cumprimenta com o L feito pelo dedo polegar e indicador.

As eleições no Brasil, inclusive, despertam muito interesse de estrangeiros, especialmente dos nossos vizinhos latinos. O Guille, por exemplo, argentino que mora há vários anos na China, fez questão de pedir minha toalha emprestada para registrar seu apoio a Lula. 

Acervo pessoal - Guille, o argentino apoiador de Lula

Eu tirei várias fotos aconchegada na imagem do nosso ex-presidente e que Oxalá permita o será pela terceira vez a partir do primeiro dia de janeiro de 2023 para o Brasil ser feliz de novo. Assim que o sol nasceu, antes de ir embora, fiz minha dança da esperança com a magnífica paisagem da Grande Muralha da China ao fundo. 


 

Até amanhã!