O parlamento iraniano deu aval ao governo para fechamento do Estreito de Ormuz, um canal que fica na rota estratégica que pode impedir o trânsito de navios petrolíferos, principalmente das transnacionais estadunidenses, no Golfo Pérsico.
A decisão foi tomada neste domingo (22), após o bombardeio promovido por Donald Trump a três instalações nucleares iranianas. A decisão final caberá ao Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, que não se manifestou até as 13h, no horário de Brasília.
Te podría interesar
A medida vai causar um aumento exponencial nos preços do petróleo e pode levar a uma guerra sem precedentes na história, inclusive com o envolvimento direto de grandes potências.
Ormuz é a única entrada marítima no Golfo Pérsico. Ela divide o Irã de um lado e Omã e os Emirados Árabes Unidos do outro, e liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e ao Mar Arábico, no Oceano Índico.
Te podría interesar
Segundo a Agência de Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA), 20% do consumo mundial do petróleo passa por Ormuz, definido como o "ponto de estrangulamento de trânsito de petróleo mais importante do mundo".
O fechamento se daria no ponto mais estreito, que tem 33 quilômetros (21 milhas) de largura. No entanto, as rotas de navegação na hidrovia são ainda mais estreitas, tornando-as vulneráveis ??a ataques.
A medida afetaria todo o mundo, que é extremamente dependente da energia do petróleo. Com 20% do transporte afetado, os preços explodiriam e novas guerras poderiam surgir a partir da disputa pelo chamado "ouro negro", concentrado primordialmente nas grandes petrolíferas trans - justamente as empresas que patrocinam conflitos no Oriente Médio e no mundo em torno de seus interesses.
Histórico
Historicamente, a região tem sido alvo de disputas envolvendo os interesses das grandes petrolíferas internacionais. Em 2019, quatro navios foram atacados perto do estreito, na costa de Fujairah, Emirados Árabes Unidos, em meio ao aumento das tensões entre o Irã e os Estados Unidos durante a primeira presidência de Donald Trump. Washington culpou Teerã pelo incidente, mas o Irã negou as acusações.
As petrolíferas ainda enfrentam a resistência dos Houthis, no Iêmen, que têm atacado navios ao redor do Estreito de Bab al-Mandeb, a entrada para o Mar Vermelho, do outro lado da Península Arábica.
Embora a campanha Houthi tenha afetado o comércio global, navios podem evitar o Mar Vermelho navegando ao redor da África – uma viagem mais longa, porém mais segura. No entanto, não há como transportar nada por mar a partir do Golfo sem passar por Ormuz.
Em abril de 2024, as forças armadas iranianas apreenderam um navio porta-contêineres perto do Estreito de Ormuz em meio ao aumento das tensões na região após um ataque israelense mortal ao consulado iraniano em Damasco, na Síria. Um ataque iraniano limitado a Israel em resposta foi seguido por um ataque israelense ao Irã. Na época, foram as trocas militares diretas mais sérias entre os dois inimigos.
Com informações da Al-Jazeera e da AFP